O resgate, que ocorreu na quarta-feira, levou mais de sete horas, evidenciando não apenas as dificuldades do terreno, mas também os desafios enfrentados pelas equipes de socorro. Infelizmente, enquanto as operações de resgate obtiveram sucesso, um novo desafio se apresentou: o traslado do corpo da jovem de volta ao Brasil se tornou uma questão complexa, com diversas implicações legais e logísticas.
O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, confirmou que não custeará o translado, uma vez que não há previsão legal ou dotação orçamentária para tais despesas. Assim, os custos de repatriação devem recair sobre a família de Juliana. Essa situação levanta preocupações significativas sobre a falta de assistência que cidadãos brasileiros enfrentam em situações similares no exterior, especialmente em casos de morte.
Para que o corpo seja transportado internacionalmente, são necessárias várias etapas, incluindo a tanatopraxia, um procedimento essencial para preservação e, por isso, exigido por muitos países. A médica especialista em medicina legal, Caroline Daitx, destaca que o processo de preparação do corpo envolve rigorosos cuidados, como limpeza, utilização de produtos conservantes e, frequentemente, vedação hermética em caixões metálicos.
Além disso, o traslado requer uma série de documentos, como a certidão de óbito, laudo sanitário e autorizações consulares, complicando ainda mais a situação quando erros documentais podem atrasar o traslado por dias ou até semanas. Daitx enfatiza a importância de contar com profissionais especializados, pois esses procedimentos devem respeitar não apenas as normas legais, mas também a sensibilidade cultural em momentos de luto.
A experiência de Juliana e as dificuldades enfrentadas por sua família trazem à tona uma discussão sobre o suporte que os cidadãos recebem do governo em situações críticas no exterior. Com a crescente mobilidade global e os desafios associados, é fundamental que haja uma revisão nas políticas de assistência a brasileiros em situações tão delicadas. A sensibilidade e o cuidado nesse processo se tornam essenciais para que despedidas sejam feitas com dignidade, apesar da distância e das complicações burocráticas.