Recentemente, a Polícia Federal desarticulou uma quadrilha que aliciava eleitores para o alistamento em Itaguaí, município do Rio de Janeiro, oferecendo comprovantes falsos para favorecer um candidato que oferecia promessa de vantagens econômicas. Além disso, um caso em São Paulo associou o Primeiro Comando da Capital (PCC) a um candidato que usou práticas ilegais para desacreditar adversários com laudos forjados de uso de drogas.
A presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Cármen Lúcia, reforçou a gravidade do problema, ampliando o debate em torno do risco de captura do Estado pelas facções criminosas. Além disso, especialistas em Direito e Ciências Políticas clamam por uma revisão da Lei da Ficha Limpa, que atualmente não impede candidatos sob investigação de participarem do processo eleitoral. A prática de apoiar candidatos sem condenações, mas que têm vínculos com o crime, é uma tática observada por grupos organizados.
A cientista política Marjorie Marona enfatiza que a presença de representantes criminosos nas instituições faz com que as legislações sejam moldadas para atender interesses ilícitos e compromete a confiabilidade das estruturas públicas. Ela alerta que o envolvimento do crime organizado nas políticas públicas reduz a legitimidade do sistema democrático e intensifica práticas de repressão em comunidades dominadas.
Para enfrentar essa realidade, analistas recomendam não apenas um aprimoramento da legislação eleitoral, mas também a criação de mecanismos de proteção para candidatos e eleitores em áreas afetadas. Exemplos do exterior, como legislações mais rigorosas na Colômbia e no México, que visam barrar candidatos ligados ao crime organizado, poderiam servir de modelo para o Brasil.
Enfrentar essa crise de confiança nas instituições é fundamental para garantir que a democracia brasileira não sucumba à crescente influência do crime organizado nas esferas políticas, um cenário que poderia ter consequências devastadoras para a sociedade como um todo.