Brasil sedia COP30: Estratégias para Fortalecer o Multilateralismo Ambiental e Combater Crise Climática na Amazônia

Em um marco histórico para as questões ambientais globais, o Brasil inaugurou a COP30 em Belém, que ocorrerá de 10 a 21 de novembro de 2025. Pela primeira vez, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima se realiza na Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. Este evento tem como foco a promoção de ações coletivas para enfrentar as mudanças climáticas, um fenômeno cada vez mais evidente em diversas partes do planeta.

A abertura da cúpula já trouxe resultados significativos, com o Brasil apresentando o “Fundo Florestas Tropicais para Sempre”, uma iniciativa que obteve apoio de mais de 50 países. Esse fundo, que busca arrecadar inicialmente US$ 10 bilhões, já recebeu promessas de investimento de US$ 2,9 bilhões da Noruega e 500 milhões de euros da França, além do aporte de outros países como Brasil e Indonésia, que se comprometeram a destinar US$ 1 bilhão cada.

Um dos objetivos centrais do fundo é estimular ações que reduzem o desmatamento nas florestas tropicais, condicionando os recursos à conservação ambiental. Para se qualificar, os países participantes devem manter as taxas de desmatamento abaixo da média global; quanto menor a perda de cobertura florestal, maior será o aporte financeiro.

O professor Antônio Carlos da Silva Oscar Júnior, especialista em mudanças climáticas, argumenta que a realização da COP30 na Amazônia reafirma a posição estratégica do Brasil no cenário ambiental global. Ele observa que a floresta amazônica é um dos pontos críticos em risco de colapso, e sua proteção é fundamental para evitar consequências irreversíveis no clima do planeta.

Com um investimento de mais de R$ 5 bilhões em infraestrutura, o governo brasileiro se prepara para receber as delegações internacionais, que incluem 143 representações e 57 chefes de Estado. A agenda da COP30 não se limita a criar novas políticas, mas busca resgatar e implementar propostas já acordadas anteriormente, como as do Acordo de Paris, que completou uma década de existência.

Os desafios são muitos. O professor Oscar destaca a necessidade urgente de medidas eficazes para garantir que o aumento médio da temperatura global não ultrapasse os 1,5 °C nas próximas décadas. Ele também critica a falta de um compromisso vigoroso em relação às ações climáticas e enfatiza que o discurso sobre sustentabilidade não deve ser um novo colonialismo, mas uma forma de justiça climática que não penalize os países em desenvolvimento.

Além disso, a ausência do presidente dos Estados Unidos na COP30 foi um ponto de debate significativo, levantando questões sobre o compromisso dos principais emissores de gases de efeito estufa. Essa lacuna, somada à ausência de outros países-chave, como a Argentina, sugere uma fragilidade nas discussões globais necessárias para enfrentar a crise climática.

Enquanto o Brasil navega por essa complexa encruzilhada entre desenvolvimento e conservação, o avanço tecnológico, especialmente nas áreas de inteligência artificial e na exploração de recursos, levanta dilemas sobre o consumo de recursos naturais. Com um futuro incerto por diante, as decisões tomadas agora na COP30 podem determinar o curso das políticas ambientais e climáticas tanto no Brasil quanto globalmente.

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