Brasil promete diárias baratas na COP30, mas preços exorbitantes afastam delegações e criam críticas sobre hospedagem inadequada em evento internacional.

Em uma carta endereçada a Simon Stiel, secretário-executivo da ONU sobre Mudanças do Clima, o secretário extraordinário para a COP30, Valter Correia, anunciou que o governo brasileiro se comprometeu a disponibilizar acomodações cujo valor chega a US$ 200 para delegações de 98 países em desenvolvimento que participarão do evento em novembro. Entretanto, análises mais profundas revelam que a oferta pode não ser tão acessível quanto parece, especialmente quando se considera as tarifas exorbitantes que também foram propostas a nações mais ricas, com preços variando de US$ 200 a US$ 600 por noite.

Na prática, a realidade das diárias atraentes – prometidas pelo governo – se relaciona a um cenário em que muitas das delegações podem se sentir desencorajadas a participar do evento, dada a disparidade entre as promessas e os custos efetivos de hospedagem. Correia, tentando diminuir a preocupação, afirmou que os quartos estariam equipados com banheiro privativo e localizados em diferentes tipos de estabelecimentos, como hotéis, navios e propriedades particulares. Contudo, essa argumentação não parece convencer, já que na plataforma oficial de reservas, a maioria das opções oferece somente pacotes de longa duração, de até 10 dias, o que dificulta ainda mais a viabilidade.

Desse modo, a expectativa de acessibilidade se dissolve ao se observar que algumas opções exorbitantes podem até ultrapassar R$ 2 milhões durante o período da COP. Um exemplo chocante é o aluguel de um micro trailer em uma caminhonete, avaliados em impressionantes R$ 921 mil. A situação levanta questões sobre a real capacidade do Brasil de acolher adequadamente as delegações internacionais, especialmente em um evento tão significativo que busca o diálogo sobre questões climáticas globais.

Essa promessa do governo, que provocou reações desde um tom cômico até indignação, pode estar gerando uma percepção de que a realidade é menos uma oferta construtiva e mais uma piada de mau gosto. Em suma, enquanto o Brasil se prepara para receber o mundo, o que se observa é um ambiente de desconforto e especulações que podem comprometer a imagem do país em um fórum tão crucial quanto a COP30.

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