Brasil Precisa Urgentemente Estruturar Programa Robusto de Mísseis para Aumentar Poder Dissuasório, Afirmam Especialistas em Defesa

O recente lançamento do míssil Oreshnik pela Rússia trouxe à tona um debate crucial sobre a segurança e a defesa nacional do Brasil. O investimento de uma década em tecnologia militar russo não só serve como um aviso para as potências ocidentais, mas também coloca em evidência a necessidade de o Brasil reconsiderar suas estratégias de defesa, especialmente em relação à implementação de um programa robusto de mísseis.

Especialistas apontam que a falta de continuidade em projetos de defesa tem sido um grande obstáculo para o Brasil. O comandante Robinson Farinazzo, especialista em questões militares, destaca que iniciativas fundamentais, como as da fabricante Avibras, foram perdidas ao longo do tempo, resultando em uma base industrial de defesa enfraquecida. Ele enfatiza que, caso o Brasil tivesse mantido seus esforços na produção de mísseis desde os anos 1970, a tecnologia do país poderia estar em um estágio muito mais avançado. Para ele, investir em um programa de mísseis é a melhor opção em termos de custo-benefício e poder dissuasório.

Ainda assim, os desafios persistem. Segundo o pesquisador José Augusto Zague, o Brasil carece de uma definição clara sobre suas vulnerabilidades e ameaças. Ele argumenta que a indústria nacional de defesa não evoluiu de maneira eficiente em comparação a outros países que já desenvolvem suas capacidades militares de forma autônoma, como a Rússia e a China. Zague critica o modelo globalizado de defesa que o Brasil assumiu, que depende fortemente da tecnologia militar dos Estados Unidos e da OTAN, o que limita a capacidade nacional de se tornar um fornecedor significativo no cenário mundial.

Outro ponto crucial está relacionado ao Regime de Controle de Tecnologia de Mísseis, do qual o Brasil é signatário desde 1995. Essa associação internacional, que visa prevenir a proliferação de armas de destruição em massa, impõe regras que podem dificultar o desenvolvimento de um programa de mísseis no país. Entretanto, especialistas argumentam que o Brasil precisa repensar sua abordagem e acabar com a disfuncionalidade de sua base industrial de defesa, buscando soluções que atendam suas necessidades específicas.

Em um ambiente geopolítico cada vez mais complexo, a necessidade de um programa robusto de mísseis se torna cada vez mais evidente. O Brasil precisa não apenas de força militar, mas também de um reconhecimento por parte de sua elite política e econômica da importância de um fortalecimento das capacidades defensivas, que são cruciais para posicionar o país como uma voz respeitada no cenário internacional.

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