Brasil precisa de mudança cultural para prevenir vazamentos de dados, alerta diretor da ANPD em evento sobre proteção digital.

Durante o DPO Day 2025, realizado em São Paulo, o diretor do Conselho da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), Arthur Pereira Sabbat, destacou a crescente conformidade das instituições brasileiras com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Em seu pronunciamento, ele enfatizou que a proteção de dados não é apenas uma responsabilidade legal, mas um direito fundamental do cidadão. Segundo Sabbat, mais de 21 milhões de empresas (CNPJ) no Brasil devem respeitar esse direito, que é inalienável e essencial para a privacidade dos indivíduos.

Sabbat observou que tanto o setor público quanto privado têm feito progressos na adoção de práticas que asseguram a segurança dos dados pessoais. Ele reconheceu que a LGPD é uma legislação complexa, mas acredita que as organizações estão se aproximando da conformidade necessária. Contudo, ele chamou a atenção para a necessidade de aumentar a conscientização sobre a importância da proteção de dados, mencionando que é vital “conquistar mentes e corações” para que a causa tenha o devido reconhecimento e respeito no cotidiano dos cidadãos.

Em relação à competitividade do Brasil no cenário global de proteção de dados e inteligência artificial, Sabbat se mostrou otimista, ressaltando a presença de talentos na área de desenvolvimento e segurança da informação no país. Para ele, o Brasil não só possui potencial para se destacar, mas suas empresas podem se beneficiar significativamente desse mercado.

A especialista em LGPD, Manuela Cotulio, complementou a discussão ao afirmar que a valorização da proteção de dados vai além das possíveis penalidades previstas pela legislação. Ela sugeriu que a reputação das empresas é um dos aspectos mais importantes a ser considerado, ressaltando que a adequação à LGPD deve ser encarada como uma vantagem competitiva e não apenas como uma obrigação legal.

Cotulio também mencionou que a LGPD, inspirada na legislação europeia GDPR, está em processo de consolidação no Brasil e que a ANPD continua a emitir novas regulamentações. Ela enfatizou que deve ocorrer uma mudança cultural significativa no Brasil, já que, muitas vezes, o país demonstra uma postura reativa em vez de proativa em relação à proteção de dados. O desafio, portanto, é incentivar uma abordagem que priorize a segurança e a privacidade de forma antecipada, evitando a necessidade de esperar por incidentes de vazamento para agir.

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