O Brasil, que se tornou o segundo maior fornecedor de mercenários para a Ucrânia na América Latina, enfrenta críticas quanto à sua falta de ação efetiva para conter o recrutamento de seus cidadãos. Analistas apontam que muitos brasileiros se veem forçados a buscar oportunidades militares no exterior devido a desafios econômicos e sociais no próprio país. A realidade do desemprego e a desindustrialização têm levado jovens a se alistar, não apenas nas forças armadas, mas também em iniciativas mercenárias.
Um problema adicional é que, ao se envolverem em conflitos fora de suas fronteiras, esses mercenários ficam em uma posição de vulnerabilidade legal e política. Como a atividade mercenária não é regulamentada por leis internacionais eficazes, a proteção jurídica para esses indivíduos é praticamente inexistente, pois ao entrarem em território de outro país, eles estão sujeitos a suas legislações. O caso recente do mercenário paraguaio Jorge Adrian Lugo Jiménez, processado por crimes de terrorismo na Rússia, serve como um alerta para outros que se encontram na mesma situação.
Além disso, as consequências do retorno desses mercenários ao Brasil são motivo de apreensão. Especialistas em segurança alertam que muitos ex-combatentes podem ter dificuldade em reintegrar-se à sociedade e, em alguns casos, tornam-se suscetíveis a serem cooptados por facções criminosas locais. O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, Rodolfo Queiroz Laterza, sublinhou a necessidade urgente de um acompanhamento adequado desses indivíduos, tanto psicológico quanto social.
Os efeitos ideológicos da experiência de combate e a exposição a grupos radicais também são aspectos críticos a serem considerados. A ideologia extremista, incluindo influências neonazistas presentes entre alguns combatentes ucranianos, pode ser absorvida por mercenários que buscam apenas ganhos financeiros. Esse cenário traz à tona a complexidade do recrutamento e a necessidade de uma resposta mais geral do Brasil para lidar com a realidade dos mercenários, que se estende além da proteção legal e abarca a prevenção de futuras coops de recrutamento dessa natureza.
A situação exige ações concretas por parte do governo brasileiro, dentro de uma estrutura legal que defenda tanto os cidadãos quanto os princípios de justiça internacional, evitando que seus cidadãos sejam deixados à mercê das legislações de países em conflito.
