Os pesquisadores embarcaram em uma jornada que os levará a percorrer mais de 20 mil quilômetros ao longo da costa antártica. A principal meta da missão é coletar amostras para investigações aprofundadas nas áreas de geofísica, glaciologia, oceanografia e estudos atmosféricos, com ênfase especial nas geleiras e no impacto do aquecimento global. Durante o auge do verão antártico, a equipe espera realizar uma pesquisa inovadora sobre o comportamento das massas de gelo, além de monitorar a poluição proveniente da circulação oceânica.
O líder da expedição, Jefferson Cardia Simões, do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, destacou a importância da colaboração internacional para o sucesso do projeto. A expedição não apenas faz parte da tradição de pesquisas na Antártica, mas também busca inovações ao se aproximar das costas geladas — um feito pioneiro. Cardia enfatiza que o trabalho será intensamente focado em dias de boas condições climáticas, com períodos de até 12 horas dedicadas à coleta de amostras e à realização de análises.
Entre as atividades programadas estão perfurações de gelo e neve, bem como ensaios em locais raramente acessíveis, representando menos de 0,5% do território antártico. A equipe também buscará microrganismos extremófilos, organismos que têm a capacidade de sobreviver em condições hostis de temperatura e umidade. Além disso, as pesquisas estão amparadas pelo Sistema do Tratado da Antártida (STA), que rege a cooperação internacional na área e proíbe reivindicações territoriais.
O Akademik Tryoshnikov desempenha um papel crucial na expedição. A embarcação, com mais de uma dezena de laboratórios dedicados às diversas áreas do conhecimento, é essencial para a realização de pesquisas no gelo, já que o Brasil não possui navios quebra-gelo próprios. Os cientistas terão acesso a sistemas modernos de comunicação e transferência de dados, permitindo que compartilhem informações em tempo real globalmente.
Este esforço coletivo não apenas posiciona o Brasil como um líder nas pesquisas antárticas, mas também reforça seu comprometimento no combate às mudanças climáticas, por meio da troca de conhecimento e experiências entre cientistas de diferentes culturas. A missão destaca a importância da diplomacia científica em tempos de incertezas geopolíticas e evidencia como a colaboração internacional pode expandir nossa compreensão do planeta.