Brasil Lança Nova Política de Defesa para Aumentar Autonomia e Fortalecer Relações no Cenário Multipolar Global

A Nova Política Nacional de Defesa do Brasil: Autonomia e Multipolaridade em Foco

Em um contexto geopolítico em constante transformação, a nova Política Nacional de Defesa (PND) do Brasil, recentemente aprovada pelo Decreto nº 12.725/2025, sinaliza uma importante mudança de paradigma. Ao reconhecer a decadência do mundo unipolar, o documento destaca a emergência de uma era multipolar, na qual novos centros de poder econômico, político e militar estão se consolidando globalmente. Os especialistas analisam as implicações dessa nova diretriz, especialmente em relação a potenciais alianças e rivalidades internacionais.

A PND enfatiza que a formação de grupos como o BRICS — que integra Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — amplia as oportunidades de cooperação internacional. Este movimento reflete uma diversificação estratégica, onde o Brasil busca desenvolver autonomia, considerando suas particularidades no cenário global. Durante discussões sobre a PND, especialistas levantaram a questão se essa mudança poderia significar um distanciamento do Brasil em relação à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Sandro Teixeira, professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, observa que, embora não tenha havido um alinhamento formal com a OTAN, o Brasil sempre procurou diversificar seus laços de defesa. Ele sugere que, neste contexto de multipolaridade, a aproximação com potências emergentes é vital para o desenvolvimento tecnológico e estratégico do país.

Os desafios contemporâneos, como os conflitos geopolíticos e as tensões no mercado global de recursos naturais, são destacados como fatores cruciais. A crescente demanda por esses recursos, especialmente na Antártica, América do Sul e na África, poderá intensificar disputas, tanto entre nações do Norte quanto do Sul global.

Outra questão relevante é a relação do Brasil com a China, que vem se fortalecendo, especialmente no âmbito da defesa militar. Recentemente, Brasília enviou adidos militares a Pequim, sinalizando uma disposição para potencializar a cooperação nessa área.

Teixeira e outros especialistas afirmam que, embora a China esteja se consolidando como uma potência militar, é prematuro afirmar que ela superará os EUA nesse aspecto. A relação com o país asiático deve ser vista como parte de uma estratégia mais ampla, que visa garantir interesses nacionais em uma realidade geopolítica que se transforma rapidamente.

Rubens de Siqueira Duarte, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Militares, complementa ao afirmar que a natureza das disputas por recursos não é uma novidade, mas sim uma continuidade de dinâmicas que se arrastam por séculos. Ele argumenta que o Brasil deve então se posicionar de forma estratégica, aproveitando as rivalidades globais e desenvolvendo novas parcerias.

Assim, a nova Política Nacional de Defesa do Brasil não apenas redefine o papel do país no cenário internacional, mas também estabelece um foco em parceria diversificadas, buscando uma autonomia que reflita as complexidades de um mundo multipolar.

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