Brasil Fortalece Laços Militares com a China para Reduzir Dependência da OTAN e Expandir Parcerias Estratégicas no Sul Global

O Brasil está prestes a dar um passo significativo em sua estratégia de política externa e defesa ao enviar, até o fim deste ano, dois adidos militares de alta patente para a embaixada em Pequim. Essa ação inédita marca uma mudança notável nas relações diplomáticas do país, sendo a primeira vez que oficiais generais serão designados para representar o Brasil na China, movimento que até agora só havia sido realizado em relação aos Estados Unidos.

A decisão é vista como uma tentativa de diversificar as parcerias militares brasileiras, especialmente em um contexto global cada vez mais instável. Para Sandro Teixeira, professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, essa movimentação reflete a crescente importância do papel da China na geopolítica mundial e o desejo das Forças Armadas brasileiras de expandir sua rede de cooperação internacional. Segundo ele, aumentar as relações com a China não é apenas uma estratégia de defesa, mas também uma oportunidade comercial, pois a região asiática é um consumidor voraz de produtos de defesa.

Teixeira ressalta que o atual cenário global exige do Brasil uma diversificação em suas parcerias. Com o investimento militar crescente da China e o tempo complicado que as relações com países ocidentais enfrentam, como os EUA, a necessidade de se modernizar e manter as Forças Armadas atualizadas se torna ainda mais urgente.

Lucas Kerr, professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, complementa que a presença de adidos de alta patente permitirá uma maior cooperação técnica e tecnológica com a China e facilitará a aquisição de equipamentos militares chineses, o que é crucial para reduzir a dependência histórica em relação à OTAN.

Além das questões operacionais, o fortalecimento das relações Brasil-China pode beneficiar a construção de um mundo multipolar, que busca promover a estabilidade e minimizar a influência de potências ocidentais em assuntos internos. Rubens de Siqueira Duarte, da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, observa que essa estratégia representa um movimento natural frente às mudanças na dinâmica global, atribuindo crescente valor à cooperação militar dentro do BRICS e em outros contextos multilaterais.

Essas iniciativas são vistas como uma resposta à necessidade do Brasil de se posicionar estrategicamente em um mundo em constante transformação, desafiando modelos de dependência e buscando uma maior autonomia na sua política externa.

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