Brasil enfrenta desafios na defesa contra ataques de drones; especialistas destacam vulnerabilidades e necessidade de modernização das Forças Armadas.



A crescente utilização de drones em conflitos globais sinaliza a urgente necessidade de o Brasil aprimorar suas capacidades defensivas diante dessa nova realidade. Especialistas em segurança e defesa nacional ressaltam que, enquanto o Exército Brasileiro possui ferramentas para lidar com drones de baixa tecnologia, a falta de sistemas de defesa antiaérea de média e longa distância coloca o país em uma posição vulnerável frente a ameaças mais sofisticadas, como os drones kamikazes adquiridos pela Argentina.

O coronel da reserva da Força Aérea Brasileira, Carlos Eduardo Valle Rosa, delineia três categorias de drones, cada uma com características operacionais distintas. Os drones da Classe I, que operam a altitudes de até 1.000 pés, têm sido utilizados em conflitos recentes, e o Brasil demonstra capacidade de neutralização. Por outro lado, os drones de Classe II, que operam até 18.000 pés, apresentam um desafio maior, pois podem ameaçar concentração de tropas e instalações críticas, como bases aéreas. Rosa afirma que, atualmente, o Brasil carece de um sistema eficaz para contrabalançar essa categoria de risco.

A Classe III de drones, que pode alcançar altitudes de até 65.000 pés e é frequentemente equipada com armamento, representa o maior desafio. O MQ-9 Reaper, um modelo popular dessa classe, pode ser detectado por radares, mas depende de enlaces de comunicação que o Brasil ainda não domina totalmente. O Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro, conhecido como SISDABRA, fornece cobertura contínua, mas a eficácia do país em mitigar a ameaça de drones ainda precisa ser avaliada e aprimorada.

Adicionalmente, a Marinha e o Exército Brasileiro têm investido em drones para tarefas de vigilância, inteligência e reconhecimento, com modelos como o FT-100 Horus e o Caçador. Embora empresas brasileiras como a XMobots tenham a capacidade de desenvolver drones de Classe III, o país ainda depende de componentes importados, o que levanta preocupações sobre a soberania e a autonomia da indústria de defesa nacional.

As discussões sobre a integração de drones armados nas Forças Armadas estão em andamento, com planos de equipar drones existentes com capacidade ofensiva até 2027. Contudo, a necessidade de um planejamento estratégico mais robusto e de uma legislação que regule o uso destes veículos aéreos é evidente. Especialistas enfatizam que, para o Brasil se tornar verdadeiramente independente no domínio de drones, é crítica a descentralização da produção e operação da tecnologia, além de resolver disputas organizacionais entre as forças armadas.

O fortalecimento das capacidades de defesa do Brasil no que diz respeito a drones não é apenas uma questão de investimento em tecnologia, mas também uma necessidade estratégica para garantir a integridade das operações de defesa nacional em um cenário de ameaças modernas.

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