Segundo o cientista político e pesquisador venezuelano Luis Javier Ruiz, a pressão dos aliados internos de Lula tem dificultado uma abordagem mais direta em relação à situação na Venezuela. No entanto, as boas relações diplomáticas entre os dois países ao longo da história são um ponto positivo a ser considerado.
As possibilidades de uma relação de ‘ganha-ganha’ entre Brasil e Venezuela são evidentes. O aumento do intercâmbio de bens e serviços pode beneficiar economicamente ambos os países, com destaque para os setores de agricultura, pecuária, indústria aeronáutica e energético. Além disso, a colaboração no combate ao garimpo ilegal e proteção da Amazônia é fundamental para o desenvolvimento sustentável da região.
A reaproximação entre Brasil e Venezuela também pode favorecer a retomada do processo de integração latino-americana, com foco na fortalecimento da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL). A Venezuela, assim como o Brasil, é uma defensora da UNASUL e a reativação desse órgão regional poderia contribuir para a estabilidade e integração na América do Sul.
Outro ponto importante a ser considerado é a colaboração energética entre os dois países. A compra de energia elétrica da Venezuela pelo Brasil poderia reduzir custos e emissões de poluentes, especialmente na região Norte. Além disso, o desenvolvimento de joint ventures para explorar as reservas de petróleo da Venezuela e exportá-las para o mundo poderia ampliar o mercado energético do BRICS.
No entanto, apesar das possibilidades de cooperação e benefícios mútuos, a relação entre Brasil e Venezuela ainda enfrenta obstáculos políticos internos. O governo de Lula precisa equilibrar suas alianças para evitar conflitos que possam prejudicar sua permanência no poder. A ausência do presidente na posse de Maduro, devido a questões de saúde, mostra a complexidade das relações bilaterais entre esses dois países vizinhos na América do Sul.