Durante sua fala no seminário “Mercados Ilícitos e Crime Organizado nas Américas”, Melillo enfatizou a relevância deste pacto ao afirmar que a colaboração é fundamental para enfrentar desafios comuns. Ele sublinhou que o verdadeiro valor do acordo reside na construção de sistemas investigativos eficazes, capazes de mapear os fenômenos do crime e reunir evidências sólidas, essenciais para a responsabilização dos infratores.
A parceria delineada prevê a criação de uma força-tarefa conjunta, composta por magistrados e forças policiais de ambos os países. O propósito é estabelecer um intercâmbio contínuo e sistemático de informações sobre as atividades de organizações criminosas significativas operando entre Brasil e Itália. Melillo ressaltou a já existente colaboração proveitosa com o Ministério Público Federal e Estadual em São Paulo, manifestando a intenção de fortalecer essas relações.
A motivação para o acordo emergiu a partir de uma investigação que teve início em 2023, focada no tráfico de drogas para a Europa, articulado pela máfia “Ndrangheta” da Calábria em associação com o Primeiro Comando da Capital (PCC), considerada a facção criminosa mais poderosa do Brasil. A investigação ganhou notoriedade com a captura de Vincenzo Pasquino, um líder mafioso que vivia em São Paulo e que, ao ser extraditado, colaborou com as autoridades, revelando detalhes sobre a aliança entre as duas organizações criminosas.
Melillo observou que o PCC representa uma ameaça significativa no contexto do crime organizado transnacional, enquanto a ‘Ndrangheta’ se destaca por sua capacidade de expansão em âmbito internacional. O acordo, portanto, acena não apenas para o fortalecimento das medidas de combate ao crime, mas também para um novo patamar de colaboração internacional em uma era marcada pela globalização do crime.