Brasil e Argentina avançam em acordo histórico para importação de gás natural de Vaca Muerta, visando fortalecer a matriz energética e impulsionar a economia brasileira.

Durante a recente Cúpula de Chefes de Estado do G20, realizada no Rio de Janeiro entre 18 e 19 de novembro, Brasil e Argentina firmaram um importante memorando que pode marcar um novo capítulo nas relações energéticas entre os dois países. O pacto prevê a importação de gás natural do megacampo Vaca Muerta, um projeto que se destaca como uma solução para atender a crescente demanda de energia brasileira e reduzir a dependência das importações tradicionais da Bolívia.

O Vaca Muerta, considerado o segundo maior campo de gás natural de xisto do mundo, possui reservas estimadas em 308 trilhões de pés cúbicos. Essa fonte energética representa uma oportunidade significativa para o Brasil, que enfrenta um declínio nos volumes de gás importados da Bolívia, que caiu de 62,6 MMm³/dia em 2014 para cerca de 36 MMm³/dia atualmente.

Após um período de incertezas nas negociações, especialmente com a mudança de governo na Argentina e a ascensão de Javier Milei, a assinatura do acordo entre o ministro de Minas e Energia brasileiro, Alexandre Silveira, e seu colega argentino, Luis Caputo, trouxe um novo fôlego para este projeto. Silveira enfatizou que a compra do gás argentino não apenas contribuirá para a redução de custos aos consumidores, mas também é crucial para a reindustrialização do Brasil, promovendo setores como fertilizantes, vidro e petroquímicos.

O acordo prevê o início das importações já para janeiro de 2025, começando com uma taxa de 2MMm³/dia, que poderá aumentar progressivamente para 10MMm³/dia em três anos e 30MMm³/dia até 2030. Enquanto isso, o consumo diário de gás no Brasil varia entre 70 e 100 MMm³, com preços médios que alcançam US$ 13,82 por milhão de BTU. Comparativamente, o gás de Vaca Muerta estará disponível a um custo muito mais competitivo, na faixa de US$ 7 a US$ 8.

A execução deste plano envolve estudos sobre cinco rotas logísticas para garantir que o gás argentino chegue ao Brasil de forma eficiente. O futuro das importações de gás pode influenciar não apenas o cenário econômico local, mas também as relações comerciais entre os países da região, marcando a Argentina como um potencial exportador de energia.

Diante do contexto econômico desafiador que a Argentina enfrenta, com uma pobreza crescente e uma necessidade urgente de dólares, a aproximação com o Brasil pode ser vista como uma estratégia para revitalizar sua economia e garantir a segurança energética de ambos os países.

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