Brasil deve investir em produção local para evitar dependência de importações de veículos, alerta presidente da Anfavea amid crescente entrada de carros elétricos.

A recente declaração de Márcio de Lima Leite, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), trouxe à tona uma problemática crítica para a indústria automotiva brasileira: o aumento vertiginoso na importação de veículos. Durante uma entrevista, Leite enfatizou que o Brasil não pode se tornar refém das importações, que podem impactar negativamente a balança comercial e a arrecadação de tributos no país.

Em 2024, as importações de veículos elétricos e híbridos dispararam, resultando em uma evasão tributária de aproximadamente R$ 6 bilhões, devido à isenção de impostos de 35% sobre esses produtos. O valor das importações de veículos elétricos ultrapassou US$ 1,6 bilhão, refletindo um crescimento de 107,7% em relação ao ano anterior, o que indica um panorama preocupante para a economia nacional.

Os dados revelam que a maioria dos veículos elétricos trazidos ao Brasil tem origem na China, que responde por 84% das importações, com um total de US$ 1,4 bilhão. Além disso, 61% dos carros híbridos também vêm do país asiático. Essa dependência revela uma vulnerabilidade do mercado brasileiro e destaca a importância de iniciativas que visem fortalecer a produção interna.

Leite ressaltou a necessidade de investimento local para que as montadoras brasileiras consigam acesso às novas tecnologias e desenvolvam fornecedores capacitados. Segundo ele, a estratégia atual de depender das importações, em vez de promover a fabricação nacional, não é sustentável a longo prazo. Recentemente, o presidente da Anfavea teve encontros com autoridades importantes, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin, para discutir possíveis soluções e estratégias que poderiam revitalizar a indústria automobilística nacional.

A situação é ainda mais complexa com investimentos de montadoras chinesas no Brasil, como é o caso da BYD, que anunciou um aporte de R$ 5,5 bilhões para a construção de fábricas na Bahia. Esse movimento demonstra a relevância do mercado brasileiro para os investidores estrangeiros, mas também reforça a necessidade de políticas que incentivem a produção local e reduzam a dependência externa. O futuro da indústria automotiva no Brasil depende de um equilíbrio entre acolher investimentos estrangeiros e fortalecer as capacidades locais, garantindo que o país não se torne um mero importador de veículos.

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