Especialistas em meio ambiente analisam essa dicotomia. Embora o Brasil mantenha uma pegada de carbono relativamente baixa em comparação a outras grandes economias, a prática de extrair e exportar petróleo continua a contribuir para o aquecimento global. Para financiar ações de mitigação climática, é crucial que recursos gerados por essas atividades sejam revertidos em favor do desenvolvimento sustentável.
Ronaldo Serôa da Motta, professor de economia ambiental, sugere que, embora o Brasil possua imensos recursos naturais que permitem uma matriz energética diversificada – com destaque para hidrelétricas e biocombustíveis – a crescente exploração petrolífera poderia criar um paradoxo global. O petróleo vendido para o exterior transfere a responsabilidade pela emissão de carbono para os países que o consomem, complicando a luta global contra as mudanças climáticas.
Por outro lado, Leandro Andrei, coordenador do Núcleo de Estudos Geográficos da UERJ, propõe que os lucros gerados pela exploração de petróleo sejam utilizados para investimentos em energia renovável e na preservação da Amazônia. Essa estratégia poderia transformar o petróleo em uma ponte para uma transição energética mais eficaz, caso acompanhada de políticas públicas estruturadas e um Estado forte.
Enquanto Lula convocou a comunidade internacional a decidir entre um futuro de desastres climáticos ou uma reconstrução inteligente, especialistas alertam sobre a complexidade das questões climáticas, que não podem ser dissociadas dos contextos sociais e econômicos. A crise climática exige soluções integradas que considerem as desigualdades enfrentadas por diferentes países e regiões.
Durante a COP30, o Brasil também lançou iniciativas como o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), visando proteger vastas áreas de florestas tropicais em troca de investimentos. Essa abordagem combina diplomacia e sustentabilidade, mas ainda há um longo caminho a percorrer para que as promessas se convertam em ações eficazes. A verdadeira mudança exigirá não apenas uma retórica engajada, mas uma vontade política real para confrontar os desafios estruturais que permeiam a questão ambiental global.
