Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda e coordenadora da Trilha de Finanças do G20, está à frente das negociações preliminares com representantes dos ministérios e bancos centrais. As discussões, que começaram na segunda-feira (22), avançaram até o segundo dia com a previsão de horas adicionais de debates para alcançar um consenso.
Rosito fez uma avaliação do progresso das negociações na noite de terça-feira (23), após um encontro com jornalistas que durou cerca de 20 minutos. Ela antecipou que o grupo deverá emitir três declarações formais: uma sobre cooperação tributária internacional, que inclui a taxação de grandes fortunas; outra sobre temas como atuação de bancos multilaterais, arquitetura financeira internacional, fluxo de capitais e clima; e uma terceira com uma “linguagem geopolítica”.
A representante brasileira destacou que, embora ainda sejam necessárias mais horas de discussão para alcançar consensos nos diversos temas, as conversas estão “indo bem”. Ela se absteve, no entanto, de revelar quais pontos ainda demandam maior alinhamento de ideias, justificando que é vital “zelar por construir consensos”.
A proposta de taxação dos super-ricos é uma das prioridades brasileiras no G20, sendo frequente nos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo Rosito, a declaração sobre tributação marcará um feito inédito, refletindo a importância que a presidência brasileira atribui a este tema.
Dados do economista francês Gabriel Zucman indicam que a taxação das grandes fortunas afetaria apenas cerca de 3 mil indivíduos globalmente, dos quais aproximadamente 100 estão na América Latina. A medida tem o potencial de arrecadar cerca de US$ 250 bilhões anuais.
Rosito demonstrou otimismo quanto à emissão das declarações, diferentemente do que ocorreu na reunião de fevereiro, onde não se chegou a um consenso. A dirigente mencionou que, nesta reunião de julho, a presidência brasileira adotou a estratégia de emitir declarações separadas para facilitar a aprovação de documentos.
Além das discussões econômicas, a embaixadora Tatiana Rosito destacou a inédita inclusão de grupos de engajamento e organizações da sociedade civil nas conversas com representantes de ministérios e bancos centrais. Essa iniciativa, promovida pela presidência brasileira do G20, visa garantir que as demandas da sociedade civil sejam mais bem avaliadas até a reunião de cúpula em novembro.
O G20 atualmente é composto por 19 países e dois blocos regionais, representando uma significativa parcela da economia mundial e do comércio global. A presidência brasileira do G20 se estenderá até a reunião de cúpula em novembro, quando a África do Sul assumirá a liderança do grupo.