João Francisco Paiva, diretor de Descarbonização e Finanças Verdes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), compartilhou em uma recente entrevista os obstáculos que o Brasil deve superar para se tornar uma sociedade mais sustentável. Ele destaca que, apesar da abundância de recursos naturais e de energia renovável, o verdadeiro desafio está na capacidade de industrializar essas vantagens comparativas. A transformação dessas fontes em tecnologia que impulsione o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) e atraia investimentos é essencial.
Para abordar essas metas ambiciosas, o país se baseia em pilares fundamentais, que incluem pesquisa, desenvolvimento, inovação e capacitação profissional; utilização de insumos de baixo carbono; estímulo à demanda por produtos sustentáveis; além de financiamento e incentivos para a transição industrial.
No início de 2024, o governo federal lançou a Nova Indústria Brasil, que inclui seis missões estratégicas, sendo a missão de impulsionar a bioeconomia e a descarbonização destacada como um dos focos centrais, com investimentos previstos de R$ 507 bilhões até 2026. A elaboração da Estratégia Nacional de Descarbonização Industrial está em andamento, e sua implementação deverá alinhar-se com os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.
Durante o primeiro mandato do presidente Lula, o governo aprovou marcos legislativos significativos, criando mecanismos como o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões e programas focados na transição energética. Além disso, esforços estão sendo feitos para desenvolver um ecossistema de financiamento que apoie investimentos sustentáveis, como os R$ 1,4 bilhão que serão destinados a acelerar a descarbonização em setores industriais.
As entidades governamentais têm se articulado de maneira estratégica para garantir a transição para uma economia de baixo carbono. O MDIC lidera iniciativas que envolvem outros ministérios, assegurando que a regulação e o planejamento energético favoreçam a adoção de biocombustíveis e a ampliação das energias renováveis. O Brasil se posiciona, assim, como uma potência no cenário global, com a oportunidade de liderar a descarbonização, especialmente em um contexto global de crescente preocupação com as mudanças climáticas. A proximidade da COP30 em Belém representa um momento chave para reforçar o papel do país nessa discussão fundamental.