Boxe Olímpico vs. Profissional: Diferenças Cruciais nos Requisitos e Preparações de Lutadores

 

Embora à primeira vista possa parecer que o boxe olímpico e o boxe profissional são semelhantes, na verdade, eles possuem inúmeras diferenças que justificam a percepção de que se tratam quase de dois esportes distintos. Desde o tamanho das luvas e o número de rounds até a pesagem dos atletas e os critérios de pontuação, cada detalhe contribui para variar a preparação e o desempenho dos pugilistas em cada modalidade.

Um dos pontos mais marcantes de distinção entre as duas versões do esporte é o momento da pesagem. No boxe profissional, os atletas se pesam 24 a 36 horas antes de um combate, dando-lhes tempo para se reidratar e ajustar seu peso antes da luta. Em contraste, os boxeadores olímpicos são pesados apenas quatro horas antes de cada combate. Isto significa que, durante a competição olímpica, um lutador pode precisar se enquadrar no peso várias vezes, de 4 a 5 dependendo do número de lutas que disputa. “No boxe olímpico, o lutador precisa estar enquadrado no peso”, afirma Mateus Alves, técnico da equipe brasileira em Paris.

A quantidade de categorias de peso também difere entre os dois formatos. No boxe profissional, existem 17 categorias, enquanto no boxe olímpico há apenas sete no masculino e seis no feminino. Essa diferença afeta a complexidade e a estratégia de preparação dos lutadores. Em Paris, por exemplo, participarão 124 atletas de cada gênero.

Outra variação significativa reside na duração e no número de rounds. Nos Jogos Olímpicos, as lutas são compostas por três rounds de três minutos cada. No profissional, os combates podem variar de quatro até doze rounds. Essa diferença afeta diretamente a preparação física, técnica e tática dos lutadores. No boxe olímpico, o ritmo dos combates é muito mais intenso, visto que os pugilistas têm menos tempo para impressionar os jurados e devem atacar com grande frequência.

A quantidade de jurados também muda: no boxe olímpico são cinco, enquanto no profissional são três. A pontuação, no entanto, permanece semelhante. O vencedor de cada round recebe dez pontos, enquanto o perdedor recebe uma pontuação que pode variar de seis a nove.

Até a Olimpíada de Londres-2012, os boxeadores profissionais eram proibidos de competir nos Jogos Olímpicos. Essa restrição foi levantada a partir do Rio-2016 pela Federação Internacional de Boxe (AIBA), mas a adesão ainda é limitada, seja por rivalidades entre organizações ou por proibições impostas pelos gestores das carreiras dos lutadores.

No aspecto visual, o boxe olímpico possui uniformes padronizados e as luvas são patrocinadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), enquanto no boxe profissional há mais liberdade para customização, incluindo parcerias com diferentes marcas de luvas e equipamentos. Além disso, os homens no boxe olímpico passaram a lutar sem protetores de cabeça, similar ao que ocorre no boxe profissional, enquanto as mulheres ainda utilizam este equipamento de proteção.

Estas diferenças evidenciam que, embora o coração do esporte, que é a luta em si, permaneça o mesmo, as regras e contextos de cada modalidade criam experiências distintas tanto para os espectadores quanto para os atletas.

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