Bolívia: Rodrigo Paz é eleito presidente, encerrando quase 20 anos de governo do MAS e prometendo novas alianças políticas e reabertura ao mundo.

No último domingo, 19 de outubro, a Bolívia despertou para uma nova realidade política com a eleição de Rodrigo Paz, um senador de centro-direita, como o novo presidente do país. Paz, membro do Partido Democrata Cristão (PDC), saiu vitorioso no segundo turno das eleições, superando seu oponente Jorge “Tuto” Quiroga. Com 54,5% dos votos apurados, ele marcou o fim de quase duas décadas de dominação do Movimento ao Socialismo (MAS), um partido que teve Evo Morales como uma de suas principais lideranças.

A eleição de Paz representa uma mudança significativa na paisagem política boliviana, onde o MAS, aliado da maioria indígena, governou sem interrupções desde 2006. Entretanto, mesmo com a vitória, o PDC não conquistou a maioria legislativa, um desafio que forçará o novo presidente a formar alianças para garantir a governabilidade em um cenário político fragmentado.

Durante seu discurso de vitória em La Paz, Paz enfatizou a necessidade de abrir a Bolívia para o mundo, um apelo que ressoou entre os cidadãos cansados das políticas do passado. Nascido em 1967, em Santiago de Compostela, na Espanha, Paz é filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, que governou de 1989 a 1993. A trajetória familiar de Rodrigo Paz é recheada de desafios, incluindo um episódio trágico em sua infância, quando seu pai foi o único sobrevivente de um ataque aéreo.

A proposta de Paz inclui uma reforma econômica gradual, com ênfase em incentivos fiscais para pequenos negócios, em contraposição ao plano mais radical de Quiroga, que previu cortes severos e um resgate ao Fundo Monetário Internacional (FMI). No entanto, a vitória de Paz não está isenta de desafios. A Central de Trabalhadores da Bolívia (COB) alertou que resistirá a qualquer ataque a conquistas sociais e econômicas, sinalizando um cenário polarizado.

Primeiro como vereador e depois prefeito de Tarija, Paz desenvolveu sua carreira política sob a sombra de questionáveis projetos de infraestrutura, mas também demonstrou uma capacidade de articulação no Senado, onde se posicionou criticamente diante do governo de Luis Arce. Sua recente eleição pode marcar o início de uma nova era, prometendo melhores relações diplomáticas com nações ocidentais e um fortalecimento dos laços econômicos, especialmente com os Estados Unidos.

Nos próximos meses, o novo governo terá que navegar em um mar de expectativas e insatisfações populares, onde os movimentos sociais e indígenas esperam não apenas preservar, mas também expandir as conquistas sociais adquiridas nas últimas duas décadas. Com seu início marcado para 8 de novembro, Rodrigo Paz agora está prestes a enfrentar o desafio de realizar suas promessas em um ambiente político tumultuado.

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