Bolívia: Presidente Rodrigo Paz promete acabar com ministério da injustiça e conflitos internos enquanto enfrenta crise econômica e busca aproximação com os EUA.

Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta semana, o presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, fez um anúncio ousado que promete reconfigurar o cenário político do país. Ele declarou, de forma categórica, que o Ministério da Justiça “morreu” e que ele será enterrado de maneira definitiva, com o objetivo de evitar qualquer retorno do que chamou de “terrorismo de Estado” contra os bolivianos. Essa declaração marca um afastamento claro dos métodos anteriores, que, segundo Paz, eram caracterizados pela opressão e injustiça.

O presidente fez questão de enfatizar que o ministério da perseguição e da manipulação política teve seus dias contados. Em suas palavras, “acabou o ministério que vendia sentenças” e que chantageava a sociedade através do poder político. Ele assegurou que não haverá mais ingerência política sobre a Justiça, independente da posição que ocupem, seja presidente, vice-presidente ou senador. Esta mudança reflete uma promessa de um sistema judicial mais justo e independente.

O anúncio de Paz não ocorre em um vácuo político. Ele está sendo pressionado por uma disputa interna com o vice-presidente Edman Lara pelo controle do Ministério da Justiça. Apenas 11 dias após assumir, Paz destituiu Freddy Vidovic do cargo de ministro, citando uma condenação judicial que pesava sobre ele. Para o cargo, o presidente nomeou Jorge García, o até então vice-ministro, mas essa escolha gerou controvérsias, uma vez que Lara questionou o histórico jurídico de García.

Essa turbulência no governo é preocupante, especialmente em um momento em que a Bolívia enfrenta desafios econômicos significativos, como uma inflação de 18,33% acumulada até setembro e uma retração econômica de 2,40%. A eficácia do governo de Paz pode ser severamente impactada por essa disputa pelo poder e pela instabilidade que se segue.

Rodrigo Paz, que assumiu a presidência em 8 de outubro para um mandato de cinco anos, traz consigo uma proposta de mudança radical em termos econômicos. Ele busca estabilizar a economia boliviana, fundamentando-se em laços mais fortes com organismos internacionais e promovendo o que chama de “capitalismo para todos”, que sugere uma menor participação do Estado na economia e incentiva o investimento privado. Apesar da mudança de direção econômica, Paz afirmou que a Bolívia permanecerá no Mercosul e manterá laços com o BRICS, enquanto busca uma maior aproximação com os Estados Unidos. Essa intenção de equilibrar parcerias internacionais poderá ser crucial para a nova administração.

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