Bolívia em Ponto de Virada: Direita Lidera Intenções de Voto e Pode Derrubar Hegemonia da Esquerda Após Duas Décadas de Governo.

A Bolívia vive um momento crucial neste domingo, marcado por eleições que podem redefinir o futuro político do país. Após quase duas décadas sob a liderança do partido Movimento ao Socialismo (MAS), a nação se prepara para um pleito que promete trazer mudanças significativas. As pesquisas mais recentes indicam que os candidatos da direita, Jorge “Tuto” Quiroga, da aliança Liberdade e Democracia, e Samuel Doria Medina, do Unidade Nacional, estão liderando as intenções de voto, o que sinaliza a possibilidade de um segundo turno inédito entre representantes da oposição.

Quiroga, ex-presidente do país entre 2001 e 2002, aparece como o favorito, com 23% das intenções de voto, enquanto Doria Medina segue em segundo, com 18%. Essa configuração pode sinalizar um fim na hegemonia da esquerda, que foi rompida apenas brevemente entre 2019 e 2020, quando Jeanine Áñez assumiu a presidência após uma série de contestações eleitorais. A esquerda, que durante anos governou a Bolívia sob a liderança de figuras como Evo Morales e Luis Arce, encontra-se agora em um momento de crise e descontentamento popular.

O atual presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, é o nome mais forte representante da esquerda na disputa, mas, com 11,4% das intenções, ele se posiciona apenas em quarto lugar, refletindo o desgaste do MAS. As divisões internas, especialmente entre Morales e Arce, geraram um racha que desviou apoio e desmotivou muitos eleitores.

Luis Arce, que decidiu não se candidatar à reeleição, lançou Eduardo del Castillo como seu sucessor. No entanto, o desempenho do ex-ministro nas pesquisas é preocupante, com uma taxa de apenas 8,1%, posicionando-o atrás de votos brancos e nulos, que representam 14,6% e 8,4% respectivamente. Essa situação aponta para uma crescente desilusão com o MAS, exacerbada por problemas como corrupção, hiperinflação e uma crise energética que tem afetado a população de maneira significativa.

Além disso, a figura de Evo Morales, que se encontra impedido de concorrer devido a questões judiciais, continua a tentar manter relevância política. Ele orientou seus apoiadores a anular seus votos, apesar da falta de fundamento legal para essa ação. Analistas sugerem que essa manobra é uma tentativa de demonstrar que ainda possui capital político e de mobilização, mesmo em meio a uma crise de legitimidade e apoio.

Assim, a Bolívia se depara com um cenário imprevisível, onde a opressão da esquerda poderá ser questionada, e a direita pode emergir como uma nova força a ser considerada na política do país. As horas que seguem até a apuração dos resultados poderão definir um novo capítulo na história política boliviana.

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