Bolívia: Apoiadores de Evo Morales Declararam Pausa Humanitária em Bloqueios Após Violência que Deixou Mortos

A situação na Bolívia ganhou contornos dramáticos após a recente declaração do “Pacto de Unidade”, grupo de apoiadores do ex-presidente Evo Morales, que anunciou uma pausa humanitária nas mobilizações que bloqueavam estradas em todo o país. Essa decisão foi tomada em meio a um clima de tensão acentuado por episódios de violência, que resultaram na morte de quatro policiais e um civil em Llallagua, durante confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes. Este evento trágico ocorre em um contexto de protestos que já se arrastavam por duas semanas, com exigências por parte dos manifestantes pela renúncia do atual presidente, Luis Arce, e a permissão para que Morales concorra nas eleições de agosto.

A declaração do “Pacto de Unidade” destaca a necessidade de uma investigação internacional, rigorosa e independente, sobre as ações policiais e os desdobramentos da crise atual. Em comunicado oficial, o grupo afirmou a suspensão temporária dos bloqueios, mas deixou claro que outras formas de protesto continuarão, incluindo mobilizações e passeatas em diversas cidades bolivianas. A estratégia de pressão dos defensores de Morales visa chamar a atenção para o que consideram uma injustiça política, uma vez que o ex-presidente enfrenta acusações de “terrorismo e incitação pública à prática de crimes”, como afirmou o ministro da Justiça, César Siles. O ministro expressou que a pacificação do país depende da responsabilização das lideranças associadas aos “bloqueios criminosos”, citando Morales como um dos principais nomes nesse contexto.

Essas tensões emergem em meio a um debate acalorado sobre a legalidade da candidatura de Morales, especialmente após uma decisão judicial que a considerou ilegal. Os apoiadores do ex-presidente argumentam que a proibição para um terceiro mandato, mesmo não consecutivo, carece de fundamento e tem um viés político. Morales, por sua vez, reforça que apenas o povo pode decidir se ele deve desistir de sua aspiração presidencial, desafiando as normas vigentes. Este cenário complexo evidencia a fragilidade política na Bolívia, onde a luta pelo poder se entrelaça com questões de justiça social e direitos democráticos, em uma intrincada dança entre passado e futuro.

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