Bienal do Livro de Alagoas Celebra Cultura Africana com Desfiles e Rodas de Conversa sobre Negritude e Identidade Brasileira

A 11ª edição da Bienal Internacional do Livro de Alagoas, encerrada no último domingo (9 de novembro), trouxe à tona as ricas interações culturais entre Brasil e África, sob o tema “Brasil e África: ligados culturalmente em seus ritos e raízes”. O evento, ocorrido no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, teve o patrocínio do Senac Alagoas e ofereceu uma programação diversificada que incluiu desfiles de moda, rodas de conversa sobre negritude e demonstrações culturais.

Sandro Diniz, diretor de Educação Profissional do Senac Alagoas, destacou a importância da participação da instituição nesse evento significativo para a literatura e cultura do estado. A colaboração do Senac incluiu a exposição de títulos da Editora Senac São Paulo, visando fomentar a educação e reforçar a Bienal aos alagoanos.

Entre as atrações, a Bienal não se limitou a uma simples feira de livros. Tiveram destaque projetos educacionais dos alunos do Senac, como o laboratório de juventude chamado “Cultura Popular”. Maisa Carvalho, aluna e uma das líderes do projeto, mencionou a relevância de valorizar a cultura popular, especialmente a alagoana, como forma de combater preconceitos e estigmas que afligem parte da população.

Entre as conversas propostas, uma roda discutiu “A Influência Africana na Moda” com a participação da ex-aluna Lea Viana, que compartilhou sua trajetória e a importância do legado africano na cultura brasileira. O encerramento da participação do Senac na Bienal foi marcado por um desfile de moda que apresentou uma coleção inspirada na África, intitulada “As Mãos que Tecem Liberdade”. Alano Rocha, instrutor da instituição, ressaltou a relevância desse trabalho, que simboliza a fusão de culturas tão ricas.

A presença da Editora Senac São Paulo foi um atrativo à parte, com a oferta de 327 títulos e mais de 1500 exemplares com desconto de até 50%, além de demonstrações variadas que incluíam desde técnicas de penteado até cuidados específicos para a pele negra. Na área da tecnologia, o público também pôde experimentar atividades com óculos de realidade virtual, que atraiu tanto crianças quanto adultos: “Gostei muito! Sempre quis experimentar os óculos e me diverti bastante”, comentou João Pedro Carvalho, um jovem que adorou a experiência.

A cerimônia de encerramento teve como protagonistas as ialorixás Mãe Mirian de Nanã e Mãe Neide Oyá D’Oxum, e o babalorixá Pai Célio de Iemanjá, marcando uma representação significativa das religiões afro-brasileiras em um espaço que tradicionalmente é dominado por uma perspectiva branca e elitista. Durante os dez dias do evento, foram promovidos lançamentos de livros, mesas-redondas e palestras que discutiram os impactos da escravidão no Brasil, abordando temas como desigualdade social, violência e resistência antirracista.

Organizada pela Universidade Federal de Alagoas em conjunto com o governo estadual, e com o apoio da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes), a Bienal é considerada o maior evento cultural e literário do estado, reunindo vozes e reflexões vitais para a sociedade contemporânea.

Sair da versão mobile