Dados divulgados pelo Banco Central revelaram a gravidade do problema causado pelo jogo no Brasil. Cerca de 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família já desembolsaram um total de R$ 10,5 bilhões em pagamentos via Pix até agosto para realizar apostas. Esse cenário é ainda mais preocupante diante do crescente envolvimento das empresas de apostas com o futebol, uma paixão nacional.
Times como o Flamengo, por exemplo, firmaram parcerias e lançaram plataformas de apostas, como a FlaBet. Essa proximidade das apostas esportivas com o esporte favorito dos brasileiros torna a situação ainda mais crítica. Segundo Marcelo Mello, professor da Universidade Federal Fluminense, essa combinação é explosiva, especialmente entre as camadas mais populares da sociedade.
O nome “bet”, popularizado no Brasil para se referir às empresas de apostas, significa simplesmente aposta em inglês. Essas empresas aproveitam o ambiente digital para atrair mais jogadores, facilitando o acesso e contribuindo para a propagação do vício. A regulamentação desse setor, que recentemente entrou em vigor no país, ainda levanta questionamentos e críticas, especialmente pela falta de restrições à publicidade e a taxação considerada baixa.
No entanto, especialistas alertam para os impactos éticos e sociais das apostas esportivas, que muitas vezes retiram recursos econômicos dos trabalhadores mais pobres em benefício das empresas. Propostas de proibição da publicidade das empresas em determinadas regiões, como o Rio de Janeiro, sugerem caminhos para conter os impactos negativos desse vício. A discussão sobre a regulamentação das apostas esportivas continua em pauta, com a necessidade de medidas mais eficazes para proteger a população vulnerável dos danos causados por esse tipo de comércio.