Bestiário moderno: aluno de escola paulista se identifica como cachorro e faz parte do mundo dos “therians” que vivem como animais.

No universo atual, caracterizado por uma crescente quebra de padrões e convenções, surgem novas manifestações de identidades e comportamentos que desafiam a lógica tradicional. Um exemplo disso é a comunidade de pessoas que se identificam como “therians”, indivíduos que acreditam ter uma conexão profunda com uma espécie animal e afirmam pertencer a ela, mesmo estando presos em corpos humanos.

Recentemente, veio à tona o caso de um aluno de uma escola de elite em São Paulo que se vê como um cachorro. Ele e seus pais buscam que a instituição escolar reconheça e respeite essa identificação, transformando o cotidiano escolar em um ambiente inclusivo para o garoto therian. Este fenômeno, que vem sendo abraçado sob o pretexto de respeitar a diversidade, levanta questionamentos sobre os limites da aceitação e da compreensão das diferentes formas de identidade.

A presença crescente de therians na sociedade contemporânea é um reflexo de uma era que, segundo alguns, relegou a importância do inconsciente e das neuroses, substituindo conceitos psicanalíticos por uma abordagem identitária. Esse movimento rumo à visibilidade e à aceitação das identidades diversas revela-se, para muitos, como uma evolução social e cultural, enquanto para outros representa um desvio da normalidade e da racionalidade.

Em um contexto em que therians de diferentes espécies animais se reúnem e compartilham suas experiências, como visto em um vídeo de therians que agiam como cães em uma estação de trem em Berlim, surgem questionamentos sobre a natureza e os limites dessas identificações. Ainda mais surpreendente é a cena de uma therian que imita um cavalo em suas atividades diárias, sugerindo uma ligação profunda e física com a espécie animal que acredita representar.

É válido considerar que essas manifestações podem estar conectadas a aspectos mentais e emocionais complexos, como demonstrado por estudos de casos históricos de pacientes histeria do século XIX. A interpretação de therians como pessoas “trans-espécies” levanta paralelos com conceitos antigos de metempsicose, sugerindo uma busca por compreensão e integração entre humanos e animais.

Independentemente da controvérsia e estranheza que possam gerar, os therians representam uma expressão única da diversidade humana e da complexidade das identidades contemporâneas. Ao observarmos essas manifestações com uma mente aberta e disposta a compreender a multiplicidade de experiências humanas, podemos enriquecer nosso entendimento sobre o que significa ser verdadeiramente humano neste mundo complexo e diversificado.

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