Quando foi construído, em 1986 o Conjunto Residencial Benedito Bentes era considerado um “fim de mundo”. Só morava lá quem não tinha condições de pagar um aluguel ou comprar uma casa na cidade. Aos poucos, os moradores foram se adaptando à distância, ganharam novas linhas de ônibus e o comércio começou a crescer.
Hoje, o Benedito Bentes virou “uma cidade” e até já tramitou na Câmara Municipal um projeto para transformar o conjunto num município, considerado sua imensidão. Não vingou, mas evoluiu e tornou-se bairro. Mas seus moradores se sentem independentes.O comércio absorve quase toda extensão da avenida principal, com lojas dos mais variados ramos de negócios.O novo bairro, considerando outros conjuntos menores construídos em seu redor, talvez já seja maior que a cidade de Palmeira dos Índios.
Em 2002 a Associação de Moradores convidou o Engenheiro e escritor Carlito Lima para coordenar um trabalho de planejamento do bairro. Com a participação da comunidade e todos os segmentos de moradores, o resultado foi impressionante. Até os detalhes do diagnóstico, do levantamento de problemas, das soluções e sugestões dadas. E deram um belo e sugestivo título ao trabalho: ” O Benedito Bentes que nós Queremos” .
Este trabalho foi para atender a lei federal 10.257 de julho de 2001 – O Estatuto da Cidade. Carlito Lima ficou surpreso em saber que a maioria dos moradores não sabe quem foi Benedito Bentes. O engenheiro contou esta história:
“Nos anos 30, vindo do Amazonas, aportou por essas bandas um cidadão de nome Manoel Bentes com sua família. Ficou encantado com as águas verdes da praia da Avenida e disse que aqui ficaria para sempre com sua mulher e seus quatros filhos: José, Benedito, Ana e Terezinha. Criou seus meninos, deu-lhes educação, viveu como se alagoano fosse, trabalhou, prosperou e ficou amando essa bela Alagoas.
Todos os filhos casaram-se com alagoanos misturando o sangue manaura com os caetés das Alagoas. Dona Ana com o médico Manoel Menezes. José de Anchieta foi para Escola Militar; já oficial do Exército casou-se com Dona Izolina. Dona Terezinha, esportista e mulher de fibra, deu a vida trabalhando dedicando-se à Cruz Vermelha casou-se com Júlio Normande, também esportista, e com 60 anos ainda jogava futebol da praia da Avenida. E finalmente Benedito Geraldo do Vale Bentes, que se casou com Vega, filha de Heráclito Lima, o maior propietário de coqueiros de Alagoas. Essa família povoou o Estado, existem netos, bisnetos, tataranetos. Bentes por todos os cantos das Alagoas, tudo brava gente.”