A base aliada da prefeita de Palmeira dos Índios, Luísa Duarte (MDB), conhecida politicamente como Tia Júlia, recuou nesta quinta-feira (29) e aprovou, por unanimidade, uma série de requerimentos de transparência que antes vinha sistematicamente barrando. A mudança foi motivada pela pressão crescente da imprensa local, pela repercussão nas redes sociais e por um desgaste interno entre os próprios vereadores governistas, que cobram o cumprimento de acordos políticos não honrados pela gestora.
O recuo foi impulsionado pela atuação do vereador José Helenildo Neto (Republicanos), autor dos pedidos de informação, que também ingressou com representação no Ministério Público Estadual (MPE), denunciando tentativa da base de impedir sua atuação parlamentar. A 2ª Promotoria de Justiça de Palmeira dos Índios acolheu a denúncia, intimou o vereador a apresentar documentos e deu início a investigações. O MPE também apura denúncias anônimas sobre fraudes em diárias e uso indevido de veículos da Guarda Municipal, além de contratos de imóveis alugados pela prefeitura.
Entre os requerimentos aprovados estão pedidos sobre salários de professores contratados, repasses de Pasep e INSS, contratos de merenda escolar, medicamentos, EPIs, coleta de lixo e aluguéis de veículos. Também foi aprovada a convocação da secretária de Educação para esclarecer irregularidades no transporte escolar e no BDE.
O episódio escancara uma crise entre Tia Júlia e sua base, apelidada de “bancada do confeito” — nome dado ao grupo de vereadores por seu apoio irrestrito ao Executivo em troca de cargos e benefícios. Nos bastidores, cresce o movimento por uma “oposição técnica”, com os parlamentares usando a votação dos requerimentos como instrumento de pressão por mais espaço na gestão. A crise política marca o momento mais delicado da administração de Tia Júlia até agora.