Por Claudio Bulgarelli
Com o início de 2025, a situação das áreas costeiras no Nordeste do Brasil, diante do avanço incessante do mar, lança um alerta preocupante. Localidades turísticas e urbanas como Baia da Traição e Cabo Branco, na Paraíba; Praia do Saco, em Sergipe; Ponta Negra, no Rio Grande do Norte; Guarajuba, na Bahia; e Pontal do Peba, em Alagoas, enfrentam um cenário alarmante de erosão e destruição costeira. Especialistas afirmam que as cidades ao longo do litoral brasileiro enfrentam o desafio urgente de se adaptar às novas condições climáticas globais. Segundo o engenheiro Marco Lyra, especializado em proteção costeira, não basta apenas fazer o levantamento do problema; a elaboração de planos de proteção é imprescindível para mitigar os danos causados pelo avanço do mar.
O enfrentamento do problema passa por uma análise estratégica que divide as ações em curto e médio prazos. No curto prazo, emergências em áreas urbanizadas necessitam de soluções rápidas como a remoção de habitantes, representando casos extremos como o ocorrido em Povoado Cabeço, Sergipe. Alternativamente, obras de engenharia para proteção, como vistas na Praia do Janga em Paulista, Pernambuco, com espigões e quebra-mares, são consideradas respostas eficazes à erosão costeira.
As iniciativas de médio prazo são igualmente urgentes e demandam a introdução de um Zoneamento Econômico e Ecológico Costeiro em todas as cidades litorâneas. Marco Lyra destaca a importância de estas áreas integrarem os planos diretores municipais, promovendo um gerenciamento costeiro integrado que assegure desenvolvimento sustentável ao longo da costa brasileira.

No estado de Alagoas, estruturas inovadoras como Bagwall e Sandbag apresentaram resultados promissores na luta contra a erosão e na revitalização de praias recreativas. Esses sistemas foram implementados em caráter emergencial em municípios como Maragogi, Japaratinga e Maceió, entre outros.
Para Lyra, os investimentos necessários em adaptação são fundamentais para ajustar sistemas naturais e humanos às consequências climáticas já em andamento. Isso abrange desde construções de defesas costeiras até inovações agrícolas resistentes à seca, e soluções arquitetônicas verdes, como telhados vegetativos que minimizam o calor urbano.
O constante impacto climático nas zonas costeiras serviu de alerta sobre a urgência de aumentar nossa resiliência. Tal resiliência se fundamenta na continuidade e recuperação de sistemas diante de mudanças inevitáveis. Assim, são cruciais as medidas mitigadoras cuidadosamente planejadas, destinadas a proporcionar mecanismos sustentáveis para as comunidades costeiras se adaptarem às transformações ambientais que estão ocorrendo.
O potencial turístico de Alagoas sublinha a necessidade imperiosa de recuperar e adaptar suas praias. As adversidades meteorológicas extremas, como marés meteorológicas elevadas, implicam em erosão e inundações aumentadas por fenômenos climáticos como ciclones extratropicais. Portanto, a combinação de eventos de inundação ameaçam amplamente as cidades costeiras, especialmente durante fases de maré de sizígia, exigindo ações decisivas e planejadas para salvaguardar o futuro das regiões costeiras.