Realizada por meio de uma coleção de pinturas, esculturas e instalações concebidas nos últimos três anos, as obras de Nobre exploram intricadas relações entre afeto, dor, resistência e os apagamentos históricos. Essas narrativas são também atravessadas por questões raciais, abordando tópicos como miscigenação, colorismo, infância e o impacto das memórias coletivas e individuais, vistas a partir da perspectiva de uma família negra originária do interior do Nordeste brasileiro. Elementos simbólicos visuais, tais como raízes, bordados e o azul—aqui representando a negritude e a miscigenação—atuam como parte da narrativa, conectando o íntimo do artista a uma reflexão social mais ampla.
Esta exposição é uma manifestação pessoal para Jhonyson, marcando uma nova etapa em sua carreira. Ele escolheu iniciar esta fase em sua cidade natal, dando um sentido especial à mostra que ocupa a histórica Casa Jorge de Lima. O artista enxerga União dos Palmares como um lugar rico culturalmente, com muito a oferecer, e espera com esta exposição trazer à tona memórias frequentemente negligenciadas ou postas à margem. Seu objetivo é narrar essas histórias através de suas próprias lembranças, ao mesmo tempo em que busca fomentar o debate sobre questões pertinentes à sociedade brasileira, como racismo e miscigenação.
Com um histórico de participações em outras exposições coletivas notórias, como o “Nordeste Expandido” e o “Salão de Arte Contemporânea de Alagoas”, Jhonyson Nobre almeja que esta exposição, aberta ao público até 11 de fevereiro, não apenas enriqueça o cenário cultural local, mas também provoque reflexões e diálogos que vão além do regional.