A conquista do prêmio ocorreu após uma onda de protestos que abalou o país pela morte de Mahsa Amini, de 22 anos, sob custódia policial. Amini tinha sido detida por supostamente usar o véu de forma errada. Mohammadi afirmou que não iria usar o hijab em nenhuma circunstância, o que levou as autoridades prisionais a recusarem sua transferência para um hospital fora da prisão. Sua família divulgou um comunicado alertando sobre o risco à saúde e à vida da ativista, já que ela sofre de problemas cardíacos e pulmonares.
No comunicado, a família de Mohammadi informou que um grupo de mulheres dentro da prisão protestou durante dois dias e duas noites para exigir sua transferência para um hospital. Porém, o diretor da prisão afirmou que, por ordens superiores, ela não poderia ser levada ao hospital sem usar o véu, cancelando assim sua transferência.
Uma equipe médica examinou Mohammadi na segunda-feira e realizou um ecocardiograma, mesmo depois das autoridades terem se recusado a transferi-la para a enfermaria sem o hijab. Os exames mostraram a necessidade urgente de uma angiografia coronária e um exame pulmonar. A ativista está disposta a arriscar sua vida para não usar o véu forçado, segundo o comunicado.
Mohammadi já cumpriu mais de 10 anos de prisão por suas ações em defesa dos direitos humanos no Irã, incluindo a luta pela abolição da pena de morte. Ela foi condenada novamente em maio de 2021 por “propaganda contra o sistema” e “rebelião” contra a autoridade prisional, recebendo uma sentença de 80 chicotadas e 30 meses de detenção.
Além disso, em novembro de 2021, Mohammadi foi detida mais uma vez enquanto participava de uma cerimônia em memória de um homem morto em uma manifestação de 2019 contra o aumento dos preços dos combustíveis. Em janeiro de 2022, ela foi condenada a mais oito anos de prisão e a 70 chicotadas.
No livro “White Torture” (Tortura Branca), escrito por Mohammadi em 2023, a ativista denuncia as condições de vida dos prisioneiros no Irã, incluindo o isolamento e os abusos que ela mesma sofreu. A lutadora pelos direitos humanos descreve o hijab obrigatório como a principal fonte de dominação e repressão na sociedade iraniana, mantendo e perpetuando um governo religioso autoritário.