
A novela ‘O Sétimo Guardião’ estreia apenas novembro, mas já começou a gerar controvérsia. Aliás, seu autor, Aguinaldo Silva, é um talentoso polemista.
Baseada no realismo fantástico, a trama das 21h vai abordar um tema nada fantasioso: a violência contra gays. Um dos personagens principais será um serial killer de homossexuais.
O papel caberá a Marco Pigossi, o brucutu Zeca de ‘A Força do Querer’. Na pele do perfumista Daniel, vai seduzir homens com a intenção de matá-los após o sexo.
Será um “gay do mal”, nas palavras do novelista. O psicopata irá se apaixonar pelo mocinho heterossexual vivido por Cauã Reymond. Esse ‘casal’ de galãs certamente será ‘shippado’ nas redes sociais.
Prevê-se protestos de boa parte dos ativistas LGBT, sob o argumento de que exibir no horário nobre da TV um personagem homossexual com características tão negativas – mentalmente desequilibrado e assassino – será um estímulo à homofobia em um País marcado pela intolerância à diversidade sexual.
Gay assumido, Aguinaldo Silva discorda desse possível desserviço à causa de gays, lésbicas, travestis e trans.
“Acham que todo gay tem que ser do bem, e não é assim. Antes do gênero, são pessoas, que podem ser boas, más… Tem que romper com essas coisas”, disse o autor ao jornal ‘Extra’.
Em 2014, a teledramaturgia apresentou uma ‘bicha do mal’ que fez sucesso: Félix (Mateus Solano) em ‘Amor à Vida’. O maquiavélico empresário tinha overdose de humor cáustico, capaz de seduzir até o público conservador.
No caso do tresloucado matador de gays de ‘O Sétimo Guardião’, militantes ouvidos pelo blog temem que o telespectador com tendência ao preconceito conclua que “os homossexuais merecem isso mesmo, morrer”.
Mais uma vez haverá questionamento do poder de influência da TV. Até que ponto uma pessoa pode ter pensamentos, formular conceitos e agir em consequência do que assistiu?
Existiria o risco de alguém ‘copiar’ o comportamento doentio de um personagem de ficção, criado tão somente para entreter os noveleiros?
‘O Sétimo Guardião’ promete suscitar interessante debate social.
17/01/2018









