Trump, mesmo antes de assumir oficialmente a presidência, deixou claro que espera que os países europeus bancem uma parte maior do orçamento da OTAN. Essa mudança de postura da liderança americana representa um desafio para os aliados europeus, que já enfrentam dificuldades econômicas e sociais. O foco crescente em militarização, conforme sinaliza Trump, pode ser visto como uma tentativa de descentralizar o ônus financeiro que historicamente recaiu sobre os Estados Unidos dentro da Defesa Atlântica.
Aníbal Garzón, sociólogo e escritor, levanta uma preocupação adicional: a relação entre o aumento dos gastos de defesa do Ocidente e o fortalecimento de uma nova ordem mundial, particularmente aquela inspirada pelos países do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Ele argumenta que a ampliação das capacidades da OTAN pode ser vista como uma resposta ao crescimento da cooperação entre essas nações, o que representa uma ameaça à hegemonia ocidental.
O historiado papel da OTAN, saturado de ações militares polêmicas em locais como a Iugoslávia, Líbia e Afeganistão, não é um indicativo tranquilizador para aqueles que temem uma escalada de tensões globais. A militarização proposta para a Europa levaria a potenciais confrontos, não apenas com a Rússia e a China, mas também implicaria diretamente em desestabilizações na América Latina e no Oriente Médio.
No entanto, as políticas da União Europeia parecem continuar a se alinhar com a estratégia de militarização da OTAN, em vez de buscar uma coexistência pacífica com outras potências emergentes. Com o cenário internacional se modificando rapidamente e novas alianças se formando, os riscos de um embate entre o Ocidente e o Sul Global tornam-se cada vez mais palpáveis, conforme o mundo se prepara para os impactos das próximas decisões políticas que definirão o futuro das relações internacionais.