A professora e infectologista Silvia Fonseca, do Instituto de Educação Médica, explica que o hábito de permanecer em ambientes fechados durante o frio, como casas e transportes públicos, facilita a transmissão de vírus por gotículas expelidas ao tossir, falar ou espirrar. Essas gotículas podem cair em superfícies ou diretamente nas mucosas de outras pessoas, aumentando a disseminação de infecções.
Além disso, a irritação das vias respiratórias devido ao frio e ao tempo seco as torna mais suscetíveis a infecções. A própria natureza do vírus Influenza, causador da gripe, o torna mais transmissível e replicável em condições de baixa temperatura. Dados do Boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz, indicam que de mais de 103 mil casos graves contabilizados neste ano, cerca de 53 mil resultaram em infecções virais confirmadas em laboratório, com 27% sendo causados por subtipos do vírus influenza.
Os números relacionados à mortalidade também são preocupantes. Aproximadamente metade dos quase 3 mil óbitos associados a SRAG neste ano teve como causa o vírus influenza. Essa taxa sobe para 74,6% ao considerar somente os óbitos diagnosticados com vírus respiratórios nas últimas quatro semanas.
A vacinação é apontada como a principal estratégia para prevenção. Apesar de sua eficácia, menos de 40% do público-alvo se vacinou contra a influenza até a última atualização. As vacinas disponíveis protegem contra os subtipos A H1N1, A H3N2 e B, reduzindo significativamente os casos graves e óbitos.
Outro elemento que requer atenção é a covid-19, cuja incidência entre os óbitos ainda é expressiva, atingindo 30,9% nos primeiros seis meses deste ano. Mesmo que os testes positivos tenham diminuído, a letalidade continua alta, especialmente entre os idosos.
Além das preocupações com a gripe e a covid-19, a presença do vírus sincicial respiratório (VSR), que causa bronquiolite, é uma preocupação constante, especialmente entre crianças menores de dois anos. Embora haja vacinas disponíveis para grupos especiais, o acesso ainda é limitado.
As recomendações para prevenir a propagação de vírus respiratórios permanecem válidas e incluem evitar aglomerações, manter a higiene das mãos e respeitar a etiqueta respiratória, como usar lenços descartáveis e cobrir a boca ao tossir ou espirrar. Manter uma alimentação equilibrada e a hidratação adequada também são fundamentais na promoção da recuperação do organismo durante esse período desafiador.