Átila Fraga enfrenta preconceito e valoriza suas raízes baianas ao criar projeto artístico em São Paulo, celebrando a diversidade cultural.

O preconceito pode ser um obstáculo na vida de muitas pessoas, inclusive no caso de Átila Fraga, um artista de 43 anos que veio da Bahia para São Paulo nos anos 1990. Ao chegar na Freguesia do Ó, na zona norte da cidade, Fraga sentiu a pressão de se adequar ao sotaque paulistano para evitar estigmas e preconceitos. No entanto, com o passar dos anos, o artista encontrou sua identidade e passou a se orgulhar de suas raízes baianas, mesmo enfrentando xenofobia e discriminação.

Essa jornada de autoaceitação e valorização de sua cultura levou Fraga a criar, juntamente com o pernambucano Renoir Santos, o projeto Paulestinos. Por meio de cartazes lambe-lambe em preto e branco, a dupla expressa mensagens que mesclam elementos da cultura paulista e nordestina, como forma de celebrar suas origens e confrontar estereótipos. Frases como “Amares que vem para o bem” e “A gente se acostuma, mas não deveria” são parte desse trabalho artístico que busca promover reflexão e diálogo na cidade.

A arte de Fraga é inspirada pelo cotidiano paulistano e suas vivências pessoais. Ele encontra na cidade uma fonte inesgotável de inspiração, capturando cenas, ditados e observações que alimentam sua criatividade. Apesar dos desafios e das experiências difíceis, como o uso de crack no passado, o artista encontra na arte uma forma de se reconectar consigo mesmo e com a comunidade ao seu redor.

Ao ser questionado sobre o amor em São Paulo, Fraga ressalta a importância do amor próprio para encontrar felicidade e se relacionar positivamente com a cidade. Ele expressa seu amor por São Paulo e pela oportunidade que a cidade lhe proporcionou de se tornar um artista. Para Fraga, São Paulo é mais do que um local de oportunidades, é um lugar de encontros, descobertas e transformações, onde a arte pode ser uma ferramenta poderosa de conexão e diálogo.

Em meio às ruas da cidade, os cartazes do projeto Paulestinos espalham mensagens de resistência, identidade e humanidade, convidando os paulistanos a refletir sobre suas histórias e preconceitos. O trabalho de Fraga e Santos é um lembrete da importância da diversidade, da inclusão e do respeito às diferenças em uma cidade marcada pela pluralidade e pela complexidade de seus habitantes. São Paulo, assim como Átila Fraga, é feita de múltiplas cores, sotaques e histórias, que se misturam e se complementam para criar uma verdadeira obra de arte urbana.

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