Camila Munareto, doutora em estudos estratégicos internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, avaliou que o ataque israelense mina a confiança necessária para a efetivação de um acordo. Em entrevista, ela observou que a situação exige um clima de confiança entre as partes, e o recente ataque parece ter gerado um ambiente de desconfiança crescente, adverso à busca de uma solução pacífica. Embora ainda seja incerto se Israel agiu com o apoio dos EUA, o presidente norte-americano, Donald Trump, fez declarações que sugerem uma possibilidade de conivência em relação à ação militar, advertindo o Irã para que aceite o acordo “antes que seja tarde demais”.
A analista destacou que o ataque pode, na verdade, ter o efeito oposto ao desejado por Washington e Tel Aviv. Em vez de pressionar o Irã a iniciar um acordo, a ação incorpora a narrativa da resistência, que é central à política iraniana. Munareto enfatizou que o ataque reforça a percepção no Irã de que uma postura de resistência é necessária, tanto contra a influência dos EUA quanto contra a presença israelense na região.
Ademais, ela sugere que essa agressão pode ser uma manobra para desviar a atenção da comunidade internacional das crises humanitárias em Gaza. Munareto acredita que essa estratégia norte-americana pode ser considerada um erro estratégico, pois, ao invés de facilitar as negociações, ela complica ainda mais a dinâmica regional, exacerbando tensões que já são históricas.
Assim, a expectativa é que essa escalada de hostilidades não apenas fragilize as tentativas de solução diplomática, mas que também reforce a determinação do Irã em se consolidar como um ator resistente na cena geopolítica do Oriente Médio. A hora é crítica e as consequências desse ataque ainda devem reverberar ao longo dos próximos meses.