Artistas acusam Portela de uso indevido de obras visuais em desfile e cobram explicação da escola de samba.

Uso de obras visuais em desfile da Portela provoca polêmica
2065/02/01

Nesta quarta-feira de cinzas, dois artistas visuais usaram suas redes sociais para reclamar do uso indevido de suas obras pela escola de samba Portela. A agremiação, que desfilou no sábado de carnaval na Marquês de Sapucaí, levou para o sambódromo o enredo “Um defeito de cor”, baseado no livro homônimo de Ana Maria Gonçalves.

O artista visual Tiago Sant’Ana foi o primeiro a se manifestar, publicando em seu Instagram um texto acompanhado de uma foto da escultura em questão, que ele nomeou como “Fluxo e refluxo (barco de açúcar)”. Na publicação, ele afirma ter sido surpreendido com a presença de uma composição escultórica semelhante ao seu trabalho em um dos tripés da escola de samba. Sant’Ana completou dizendo que nem mesmo no livro Abre Alas, publicação onde os carnavalescos descrevem suas concepções para os desfiles, há qualquer menção à sua obra.

Emerson Rocha, outro artista visual, também usou as redes sociais para expor sua indignação. Segundo ele, a fantasia da Portela com sua arte estava em exposição no Museu de Arte do Rio (MAR) sem que ele tivesse recebido qualquer contato da escola acerca da permissão de uso da arte ou sobre os trâmites de direito autoral.

Emerson conta que, tempos depois, um dos carnavalescos da escola entrou em contato apenas o notificando de que o trabalho estava sendo usado em uma fantasia e que poderia, eventualmente, ser utilizado em uma alegoria também. Além disso, ele afirmou que recebeu a promessa de receber convites para participar do desfile, mas que só os recebeu na segunda-feira de carnaval, uma hora antes do início da apresentação.

Os artistas se mostraram descontentes com a situação, mas ressaltaram a beleza e a importância do desfile da Portela. Porém, afirmaram que se sentiram desrespeitados como artistas e esperam uma solução por parte da escola.

A Agência Brasil tentou contato com a Portela para comentar as publicações dos artistas, mas até o momento da publicação desta reportagem, não obteve resposta. No entanto, um dos carnavalescos da escola, André Rodrigues, admitiu que houve falhas de comunicação e que a escola enviou um pedido de desculpas e uma mensagem procurando como reparar o desencontro.

André também acredita que a possível classificação para o Desfile das Campeãs no próximo sábado pode ser uma forma de reparar a falha. Ele expressa o desejo de que os agentes importantes para o desfile, incluindo os artistas prejudicados, possam se divertir e aproveitar esse momento. Além disso, reforça que a escola tem o plano de publicar na internet o projeto com todas as referências, incluindo a maneira como funciona o processamento de informações para se transformar em imagem de carnaval.

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