Artista Mundano transforma mural gigante em São Paulo em forte crítica ao colonialismo e à exploração ambiental dos EUA.

Em uma expressiva demonstração artística, o mural do renomado grafiteiro Mundano se destaca como uma poderosa critica ao modelo econômico colonial que, segundo o artista, perpetua desigualdades e danos ambientais. Localizado em um prédio adjacente à icônica Avenida Paulista, em São Paulo, o mural abrange mais de 1.500 metros quadrados e é uma manifestação contra as injustiças ao redor da exploração de recursos naturais, especialmente pela influência dos Estados Unidos.

A obra, que leva o nome de sua crítica, mescla elementos de arte contemporânea com uma mensagem contundente sobre as consequências da exploração das riquezas naturais do Brasil. Mundano utilizou pigmentos extraídos de tragédias ambientais, como cinzas dos incêndios na Amazônia e lama das inundações em Porto Alegre, para criar um mural que também contabiliza a ancestralidade dos materiais usados. “Estamos vivendo um modelo que concentra os lucros bilionários nos EUA, enquanto os efeitos colaterais sociais e ambientais recaem sobre nós”, afirma.

Os desafios enfrentados durante a criação do mural foram significativos, incluindo fortes chuvas e calor intenso, mas isso não diminuiu a determinação da equipe, que incluiu cinco artistas e uma infraestrutura complexa, com o uso de oito elevadores elétricos para alcançar todas as áreas do prédio. As dificuldades foram superadas não apenas pela habilidade artística, mas pela urgência da mensagem que carregam. A obra não é apenas um grito visual, mas um convite à reflexão sobre o papel das potências globais na destruição ambiental.

Além da crítica ao colonialismo econômico, Mundano fez questão de ressaltar o impacto real dessas práticas. Ele incluiu no mural os nomes de 20 bilionários associados à Cargill, uma das maiores empresas agroindustriais do mundo, como uma maneira de responsabilizá-los pelos danos que suas decisões empresariais causam. “São eles que devem mudar essa narrativa. Estamos aqui para cobrar promessas de mudança que nunca se concretizam”, sublinha o artista.

Ao encerrar, Mundano reflete sobre a conexão entre humanidade e natureza, enfatizando que a autodestruição em nome do lucro não pode ser sustentada. “O que estamos promovendo é uma autodestruição a troco de dinheiro, mas não se come dinheiro, não se bebe dinheiro”, conclui, reforçando a necessidade de um novo paradigma que valorize a vida e não apenas o capital. Assim, sua obra se torna um manifesto não só artístico, mas social e ambiental, clamando por uma mudança urgente na forma como interagimos com o planeta.

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