Os arqueólogos identificaram que os ornamentos simétricos e ordenados reproduzem imagens de plantas, arbustos e flores. Embora alguns desses desenhos remetam a formas reconhecíveis, muitos são estilizados, indicando que foram cuidadosamente planejados. Essa composição elaborada sugere que os antigos halafitas possuíam uma linguagem visual compartilhada, o que torna improvável a ideia de que os padrões fossem meramente ocasionais. A criação desses desenhos demandava habilidades de planejamento e de visualização espacial, características fundamentais do raciocínio matemático.
Os cientistas teorizam que essas habilidades matemáticas emergiram como resposta a desafios práticos enfrentados nas comunidades agrícolas da época, como a divisão de terrenos, a alocação de colheitas e a coordenação de trabalho coletivo. Os padrões florais retratados nos pratos, predominantemente flores e árvores, contrariam a tendência de se focar em espécies comumente associadas a cultivos, como espigas de grãos. Esse detalhe sugere um apurado entendimento estético e emocional, uma vez que as flores foram escolhidas provavelmente por evocarem reações positivas no cérebro humano, devido à sua beleza.
Essas descobertas indicam que o desenvolvimento do pensamento matemático não se deu em sincronia com a invenção da escrita, mas sim ao longo de um processo gradual, enraizado nas práticas diárias e nas interações sociais. Os artesãos halafitas, mesmo sem a nomenclatura moderna para a matemática, demonstraram uma capacidade notável de dividir o espaço, repetir padrões e aplicar estruturas numéricas, evidenciando um complexo mundo cognitivo onde arte, agricultura e matemática estavam entrelaçados.
A pesquisa oferece uma nova perspectiva sobre o potencial humano, sugerindo que, há milhares de anos, as bases do que hoje consideramos matemática já estavam sendo exploradas, bem antes do surgimento formal de sistemas de numeração.
