A máscara, que mede cerca de 30 centímetros, preserva o lado esquerdo do rosto do sátiro, possuindo detalhes cuidadosamente pintados, como um olho com contorno azul e uma barba e bigode avermelhados. Esses traços são característicos das máscaras utilizadas na Nova Comédia grega, um gênero teatral que se desenvolveu na Atenas do século IV a.C. Especialistas destacam que o tamanho e os detalhes estilísticos da máscara confirmam que se trata de um adereço teatral genuíno, e não de uma versão em miniatura para rituais.
A descoberta é considerada um marco significativo para compreender a vida cultural e religiosa da colônia, que foi uma das mais importantes do mundo grego no Mar Negro. Durante o reinado de Mitrídates VI Eupátor, o teatro desempenhou um papel central nas festividades e rituais ligados ao culto de Dionísio. As imagens associadas a essas celebrações eram comuns em diversos objetos da época, refletindo a intersecção entre arte, religião e política na cidade.
Além disso, o achado é inédito, pois é a primeira evidência arqueológica direta de um teatro ativo na cidade. Embora máscaras rituais menores tenham sido anteriormente descobertas em santuários nas proximidades, esta máscara de sátiro sugere que o teatro era um centro vibrante de expressão artística e cultural.
Fanagoria, fundada por colonos gregos, se destacou como um importante centro de comércio, política e cultura, influenciada por tradições gregas e locais. Durante o período helenístico, tornou-se uma cidade-chave do Reino do Bósforo, com descobertas arqueológicas revelando palácios reais, basílicas cristãs e amplas necrópoles. Com isso, a máscara encontrada atesta a importância cultural e histórica de Fanagoria, mostrando como esta cidade foi um palco onde religião, arte e política se entrelaçaram.