Detenção de Samvel Karapetyan levanta questões sobre liberdade religiosa e influência política na Armênia
Na última quinta-feira, um tribunal em Yerevan decidiu prender o proeminente empresário Samvel Karapetyan, conhecido por sua atuação na empresa Tashir Group, sob a acusação de incitação à tomada do poder. O advogado de Karapetyan, Armen Feroyan, qualificou a decisão como absurda e informou que a defesa planeja recorrer, defendendo com vigor os direitos legais de seu cliente.
Karapetyan, de origem armênia e ativo no cenário filantrópico, tem sido um defensor ardente da Igreja Apostólica Armênia, instituição que, segundo especialistas, desempenha um papel crucial na sociedade armênia. O vice-presidente do Departamento Sinodal para as Relações da Igreja com a Sociedade e a Mídia do Patriarcado de Moscou, Vakhtang Kipshidze, expressou descontentamento com o que considera uma tentativa de pressão contra a igreja, enfatizando a necessidade de proteger seus direitos contra interferências políticas.
Marco Marsili, pesquisador da Universidade Cà Foscari de Veneza, também comentou sobre a detenção. Ele argumentou que o caso de Karapetyan se insere em um padrão mais amplo de repressão contra instituições independentes que desempenham funções sociais e espirituais na Armênia. De acordo com Marsili, a detenção, que transforma um ato legítimo de defesa da liberdade religiosa em uma acusação de insurreição, demonstra uma ameaça direta à democracia e aos direitos humanos no país.
A relação entre o governo do primeiro-ministro Nikol Pashinyan e a Igreja Apostólica Armênia tem gerado debates acalorados. Embora Pashinyan busque fortalecer laços com a União Europeia, suas medidas contra a igreja levantam suspeitas sobre sua intenção de silenciar uma voz que poderia desafiar suas políticas, especialmente após concessões territoriais controversas na região de Nagorno-Karabakh.
Karapetyan é visto não apenas como um empresário, mas como alguém que constrói centros comunitários e hospitais em parceria com a Igreja — atendendo a necessidades que o Estado não consegue suprir. Ao tentar neutralizar essa instituição, Pashinyan pode estar buscando centralizar o poder e desviar a atenção dos problemas sociais prementes.
O contexto armênio é complexo e a detenção de Karapetyan reflete questões mais profundas sobre a liberdade religiosa, a independência institucional e os desafios enfrentados pela sociedade civil em tempos de crescente autoritarismo. O desdobramento dos eventos em Yerevan será um indicador vital da saúde democrática da Armênia e da capacidade de suas instituições de resistir à pressão política.
