Argentina enfrenta crescimento da informalidade apesar da queda no desemprego sob governo Milei. Desafios persistem na luta contra a precarização do trabalho.

Na Argentina, o mercado de trabalho enfrenta um paradoxo crítico: enquanto o desemprego apresenta uma leve diminuição, a informalidade laboral se alastra de maneira alarmante. Dados recentes indicam que, no terceiro trimestre de 2024, a taxa de desemprego caiu para 6,9%, uma redução em relação aos 7,6% do trimestre anterior. Contudo, esse otimismo é ofuscado pelo aumento da precarização no emprego, com a taxa de informalidade atingindo 36,7% dos trabalhadores assalariados, a segunda pior marca desde 2008.

Esse cenário se agrava desde o início do governo de Javier Milei, que, apesar de celebrar a criação de novos postos de trabalho, vê mais de 180 mil empregos formais sendo eliminados desde o final de 2023 devido a uma recessão financeira desencadeada por políticas de ajuste fiscal. Na prática, isso significa que a substituição de empregos formais por vagas informais não só não elimina o desemprego, mas também aumenta a vulnerabilidade dos trabalhadores.

Os impactos sociais dessa transição são profundos. Estima-se que 63% dos trabalhadores informais vivam em lares considerados pobres, comparado a apenas 27% entre aqueles que têm empregos formais. Além disso, quase 60% dos trabalhadores informais não conseguem sequer cobrir suas necessidades básicas com os salários que recebem, uma realidade que contrasta fortemente com a situação dos trabalhadores registrados, apenas 8% dos quais enfrentam o mesmo problema.

Outro aspecto crítico envolve a demografia. A informalidade é especialmente pronunciada entre os jovens, com uma taxa alarmante de 64,3% entre trabalhadores com menos de 24 anos. Enquanto isso, trabalhadores na faixa etária de 45 a 64 anos registram uma taxa de informalidade de 27,5%. Além da idade, a escolaridade é um determinante crucial: os que não completaram o ensino médio enfrentam informalidade superior a 56%, enquanto a taxa é de apenas 15% entre aqueles com diploma universitário.

As implicações desta realidade são políticas e econômicas. Especialistas apontam que, embora o crescimento do PIB possa ocorrer nos próximos meses, esse aumento será impulsionado por setores primários e exportadores, que não costumam gerar um grande número de empregos formais e não distribuem suas riquezas de maneira equitativa. Assim, uma real recuperação econômica no país exigirá não apenas reformas trabalhistas, mas também uma forte reativação do consumo interno, que pode ajudar a aliviar a crise entre os setores mais vulneráveis da população.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo