Argentina acorda com incerteza econômica após eleição de presidente e medo de aumento da inflação e desvalorização do peso.

Após a vitória de Javier Milei na eleição presidencial da Argentina no último domingo, 19, os argentinos amanheceram nesta terça-feira, 21, ansiosos para saber como a economia do país reagiria. Isso incluiu Leandro Francisco Diana, um jovem argentino de 26 anos, que ao acordar pegou o celular e imediatamente checou a cotação do dólar. O valor da moeda estrangeira em relação ao peso argentino tem se tornado um termômetro para a saúde econômica do país, sendo prioridade para milhões de argentinos que lidam com uma inflação de três dígitos.

Diana, que tem uma loja de ferramentas com seu pai em Villa Crespo, um bairro de classe média em Buenos Aires, afirma que temia ver em seu celular uma grande corrida à moeda, o que poderia indicar uma desvalorização do peso. A moeda desabou nos últimos anos em relação ao dólar, resultando em aumentos nos preços dos bens de consumo. No entanto, para sua surpresa, a desvalorização não aconteceu, trazendo alívio aos argentinos.

Com uma inflação acima de 140% ao ano, o medo de aumentos de preços pós-eleitorais estava presente entre os argentinos. Muitos temiam que, após as eleições, a inflação, já considerada crítica, só piorasse. Um desses receios foi acentuado quando a imprensa local noticiou que atacadistas estavam aumentando drasticamente os preços.

Diante desse cenário, vários argentinos recorreram ao mercado paralelo para comprar dólares. O preço definido pelo Banco Central para a cotação do dólar estava em 356 pesos, enquanto o valor no mercado paralelo, o chamado “dólar azul”, já alcançava quase o triplo desse valor. A dificuldade de acesso a moeda estrangeira por meio de canais oficiais intensificou essa busca por meios alternativos, elevando a procura por dólares no mercado paralelo.

Esse cenário de incerteza foi uma das principais razões pelas quais os eleitores votaram em Milei, que prometeu adotar medidas drásticas para conter a inflação, incluindo a dolarização da economia.

Após a vitória, o presidente eleito já sinalizou que pretende corrigir distorções na economia argentina, bem como eliminar restrições à compra de moeda estrangeira e extinguir controles de preços. Ele também defende a extinção do Banco Central, substituindo a moeda local pelo dólar.

Embora Milei tenha sinalizado a necessidade de corrigir as distorções na economia e implementar medidas para conter a inflação, a incerteza persiste entre os argentinos, que aguardam para ver como o país reagirá nos próximos meses. Com uma inflação tão alta, a população tem lutado para minimizar os impactos desse cenário incerto em suas vidas diárias.

Diante das incertezas, Diana se mantém esperançoso de que as coisas vão melhorar, apesar da expectativa de aumentos nos preços. “Ouvindo o rádio e entrando na internet, não está aquela loucura de dólar, dólar, dólar”, afirma. “Se você não vê isso, é um indicador de tranquilidade.” A questão agora é saber se as promessas de Milei serão capazes de reduzir as incertezas e recuperar a confiança dos argentinos na economia do país.

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