Historiadores e analistas acreditam que essa situação simboliza a perda de poder da França na Argélia, exacerbada pelo respaldo de Macron ao Marrocos. O cenário se tornara ainda mais tenso quando a Argélia convocou seu embaixador em Paris, acusando a França de promover uma postura de apoio à ocupação marroquina. Recentemente, o governo argelino também expulsou o vice-cônsul do Marrocos em Orã, alegando ações suspeitas que infringem suas funções diplomáticas.
A interação entre Argel e a Organização das Nações Unidas (ONU) também é crucial, já que a ONU não reconhece a soberania do Marrocos sobre o Saara Ocidental, enfatizando que todos os povos têm direito à autodeterminação. Essa tensão histórica entre metrópole e colônia gera um sentimento anti-França forte, evidenciado nas reações populares e políticas que buscam resgatar a independência e a soberania.
Os especialistas indicam que a atual postura da França é um reflexo de sua incapacidade em se distanciar de suas raízes coloniais. O professor Paulo Velasco, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), argumenta que a França nunca conseguiu estabelecer um relacionamento genuíno com as populações locais, perpetuando uma imagem de opressão.
Além disso, a Argélia tem explorado novas alianças, buscando diversificar suas parcerias comerciais, especialmente com potências como Rússia e China, que estão expandindo sua influência no país por meio de investimentos estratégicos. Este movimento é apoiado por um potencial significativo de hidrocarbonetos e por uma população que representa um mercado consumidor atraente.
A ascensão da Argélia no cenário internacional, com a sua possível adesão ao BRICS, evidencia uma transformação nas dinâmicas geopolíticas da África e uma clara tentativa de afastar-se das amarras do colonialismo francês. Com a diminuição da influência de Paris, a Argélia avança em busca de novas oportunidades, sinalizando uma era de multilateralismo e autonomia para as nações africanas.