Na última década, a Arábia Saudita gradualmente se aproximou da China, uma parceria que culminou em negociações que restauraram as relações diplomáticas com o Irã em 2023. A inclusão da Arábia Saudita no bloco BRICS em 2024 sinaliza uma mudança significativa nas dinâmicas do poder no Oriente Médio. Especialistas acreditam que essa movimentação pode gerar uma resposta cautelosa dos Estados Unidos, tradicional aliado da Arábia Saudita.
O professor Wiliander França Salomão, especialista em direito internacional, observa que a crescente influência da China e do BRICS na região pode alterar o equilíbrio de poder, já que os Estados Unidos possuem interesses estratégicos significativos na Arábia Saudita, incluindo bases militares e a maioria dos equipamentos militares importados. Esse histórico de dependência militar e econômica é um fator crucial nas relações bilaterais.
Recentemente, Donald Trump recebeu o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman na Casa Branca, marcando a primeira visita oficial em mais de sete anos. Durante o encontro, os tópicos discutidos incluíram parcerias em energia nuclear, investimentos e a venda de caças F-35. Essa interação ressalta a importância contínua da Arábia Saudita para a segurança e a estabilidade regional.
A “dupla diplomacia” saudita parece, portanto, ser uma tentativa consciente de diversificar suas parcerias globais, mantendo ao mesmo tempo laços sólidos com os EUA. Riad já é um dos principais fornecedores de petróleo para a China, e as transações comerciais entre os dois países bateram a marca de 110 bilhões de dólares no último ano. Esse estreitamento é percebido como parte de uma estratégia maior de modernização, com inovações em tecnologia e cultura sendo implementadas sob a liderança de Mohammed bin Salman.
Com o horizonte global cada vez mais polarizado, a Arábia Saudita procura não apenas se modernizar, mas também garantir sua posição como um jogador central no complexo jogo geopolítico que se desenrola no Oriente Médio e além.









