Chacón foi condenado na segunda-feira pelo Supremo Tribunal juntamente com outros ex-militares a penas de até 25 anos de prisão pelo sequestro e assassinato de Jara, um dos casos mais emblemáticos dos abusos cometidos durante a ditadura pinochetista, instaurada em setembro de 1973.
Quando as autoridades foram até sua residência para cumprir a ordem de prisão, Chacón supostamente atirou contra si mesmo com uma arma de fogo, como afirmou o promotor Claudio Suazo em entrevista à imprensa.
De acordo com a sentença, Chacón participou do processo de seleção e interrogatório dos 5 mil prisioneiros que foram transferidos para o Estádio-Chile após o golpe contra o governo socialista de Salvador Allende. Durante a ditadura de Pinochet, que durou 17 anos, estima-se que 3.200 pessoas foram mortas ou desapareceram.
Víctor Jara, filiado ao Partido Comunista, foi preso dentro da Universidade Técnica do Estado, onde lecionava, e levado para o estádio, onde sofreu torturas por vários dias. Ele tinha 40 anos quando foi atingido por 44 balas.
O cantor e compositor é considerado um ícone da Nova Canção Chilena, movimento musical e social que floresceu nas décadas de 1960 e 1970. Seu legado artístico e seu triste fim marcaram não apenas a história da música, mas também a memória coletiva do país.
Além do caso de Víctor Jara, os juízes também condenaram os sete ex-militares pelo assassinato e sequestro do ex-diretor penitenciário Littré Quiroga, cujo corpo, também com sinais de tortura, foi encontrado junto ao de Jara em um terreno próximo a uma ferrovia nos arredores de Santiago.
O suicídio de Chacón, momentos antes de sua prisão, representa um episódio inesperado nesse longo processo de justiça e busca por verdade e reparação no Chile. A condenação dos militares envolvidos nos crimes da ditadura é vista como um importante passo para a reconstrução do tecido social chileno, marcado por décadas de impunidade.