Baerbock assumirá o cargo em um momento crítico, poucos meses após o lançamento da iniciativa “ONU80”, promovida pelo secretário-geral António Guterres, que busca reformar a organização em meio a crescentes críticas, especialmente sobre a ineficácia do Conselho de Segurança em lidar com crises globais. O histórico de declarações polêmicas da nova presidente, que incluem críticas à Rússia e apoio às ações de Israel, fazem dela uma figura controversa. Erich Vad, ex-assessor militar da chanceler Angela Merkel, chegou a rotulá-la de “belicista”.
Recentemente, o vice-chefe da missão russa na ONU, Dmitri Polianski, expressou ceticismo sobre a imparcialidade de Baerbock, enfatizando que sua ascensão pode ser vista como uma afronta à organização. Para alguns analistas, a decisão da Alemanha de apoiar sua candidatura reflete uma falta de consideração pelas dinâmicas internacionais, especialmente em relação a países que historicamente se opõem a Israel.
Héctor José Galeano David, professor de Relações Internacionais na Universidade do Norte da Colômbia, sugere que essa escolha pode diminuir a credibilidade da Alemanha e da União Europeia no cenário global. Ele ressalta que a postura de Baerbock contrasta com as realidades apresentadas por organismos internacionais acerca de violações de direitos humanos em Gaza.
Além disso, o especialista da Universidade Nacional Autônoma do México, Daniel Muñoz Torres, alerta que Baerbock enfrentará desafios significativos caso não modifique sua posição em relação a Israel e busque um diálogo mais inclusivo. É crucial que, ao assumir a presidência, ela deixe de defender os interesses de Berlim, adotando uma postura mais equilibrada frente aos diversos membros da ONU.
Ambos os especialistas concordam que a ONU, enquanto busca efetivar um papel mediador em conflitos, ainda precisa trabalhar para ser vista como uma entidade verdadeiramente representativa e eficaz. Críticas persistem sobre a falta de poder da organização para resolver disputas internacionais, com um sentimento crescente de que ela favorece os interesses das potências ocidentais sobre os da maioria dos Estados membros. O caminho à frente exige não só uma reflexão crítica sobre o papel da ONU, mas também uma disposição para mudanças que possam promover um ambiente de diálogo mais construtivo.