A anistia de 1979, um marco significativo em meio ao processo de redemocratização após a ditadura militar, concedeu perdão a crimes cometidos por diversos grupos, tanto da direita quanto da esquerda. Embora tenha sido festejada por muitos que viam nela um passo à pacificação, suas consequências foram marcadas pela proteção de militares e agentes que perpetuaram atrocidades, como as torturas e assassinatos que ficaram nas sombras da história. O caso do deputado Rubens Paiva é um lembrete sombrio de que a anistia também selou o destino de muitos que não tiveram seus restos mortais sequer recuperados.
Hoje, a atualidade revela um sentimento coletivo oposto. De acordo com pesquisas recentes, uma ampla maioria da população se posiciona contrária à anistia de figuras ligadas a tentativas de golpe, como é o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro. A ideia de anistia neste novo contexto enfrenta a resistência de 61% da população, que não aceita perdão a quem tentou desestabilizar a democracia.
Esses sentimentos se refletem nas urnas. Atualmente, cerca de 50% dos brasileiros apoiam a prisão de Bolsonaro, cujo condenação se aproxima de 27 anos. Este cenário eleitoral, no entanto, é permeado por um descontentamento em relação ao Congresso, que parece desconectado da vontade popular.
Com um legislativo cada vez mais distanciado da voz da população, a distribuição de recursos públicos e os altos salários dos parlamentares fazem com que muitos não sintam a necessidade de se preocupar com a opinião pública. O financiamento de campanhas eleitorais permite que eles, muitas vezes, ignorem as demandas da sociedade, levando a um fenômeno em que a voz das ruas se torna suspiros perdidos em meio à algazarra política. No final, o que parece realmente importar para esses representantes é atender aos interesses daqueles que financiam sua ascensão, em detrimento do bem-estar da maioria.