Em contrapartida, o Brasil aumentou suas importações da Argentina em 9,7%, totalizando 11,14 bilhões de dólares. No entanto, essa mudança na balança comercial revela um interesse ainda considerável do Brasil pelo comércio com o país vizinho, mesmo diante dos desafios impostos pela gestão atual. A queda substancial no saldo comercial, que recuou de 4,75 bilhões de dólares para apenas 69 milhões, sinaliza que a interdependência econômica entre os dois países está sendo testada.
Especialistas apontam que a desvalorização do peso argentino e a crise econômica são fatores determinantes que têm dificultado as importações argentinas, além de comprometer a complementaridade entre as indústrias dos dois países. A falta de uma política industrial clara e efetiva tem sido amplamente criticada, pois é essencial para garantir um sistema eficiente de trocas comerciais que atenda às necessidades de ambas as partes.
Além disso, a ideologia política de Milei, que tende a priorizar relações bilaterais com países como os Estados Unidos e a China, pode estar contribuindo para essa tendência de afastamento do Brasil e do Mercosul. Embora a Argentina busque diversificar suas parcerias comerciais, a proximidade geográfica, histórica e econômica com o Brasil ainda confere ao país um papel insubstituível no comércio argentino. Enquanto Milei explora novos mercados, como os da Índia e Japão, e intensifica suas exportações de lítio para os EUA, o desafio de restaurar ou manter uma relação comercial saudável com o Brasil permanece crucial para a economia argentina e para a viabilidade de projetos de integração regional a longo prazo. A continuidade da crise econômica e a instabilidade das políticas comerciais podem complicar ainda mais esse cenário, levando a um isolamento da Argentina na região.