Análise revela que gestão de Javier Milei compromete comércio entre Argentina e Brasil, acentuando distanciamento e fragilizando relações no Mercosul.



O governo argentino, sob a liderança de Javier Milei, está completando um ano marcado por uma significativa mudança na dinâmica comercial com o Brasil, que traduziu-se em um notável esfriamento das relações. A redução do papel do Estado na economia, preconizada por Milei, tem gerado preocupações entre analistas e especialistas sobre o impacto de tais decisões no comércio bilateral e na integração regional, especialmente no que diz respeito ao Mercosul. Dados recentes indicam uma queda alarmante de 24,8% nas exportações brasileiras para a Argentina entre janeiro e outubro de 2024, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. As exportações somaram aproximadamente 11,2 bilhões de dólares, uma drástica redução em relação aos 14,9 bilhões de dólares registrados no ano passado.

Em contrapartida, o Brasil aumentou suas importações da Argentina em 9,7%, totalizando 11,14 bilhões de dólares. No entanto, essa mudança na balança comercial revela um interesse ainda considerável do Brasil pelo comércio com o país vizinho, mesmo diante dos desafios impostos pela gestão atual. A queda substancial no saldo comercial, que recuou de 4,75 bilhões de dólares para apenas 69 milhões, sinaliza que a interdependência econômica entre os dois países está sendo testada.

Especialistas apontam que a desvalorização do peso argentino e a crise econômica são fatores determinantes que têm dificultado as importações argentinas, além de comprometer a complementaridade entre as indústrias dos dois países. A falta de uma política industrial clara e efetiva tem sido amplamente criticada, pois é essencial para garantir um sistema eficiente de trocas comerciais que atenda às necessidades de ambas as partes.

Além disso, a ideologia política de Milei, que tende a priorizar relações bilaterais com países como os Estados Unidos e a China, pode estar contribuindo para essa tendência de afastamento do Brasil e do Mercosul. Embora a Argentina busque diversificar suas parcerias comerciais, a proximidade geográfica, histórica e econômica com o Brasil ainda confere ao país um papel insubstituível no comércio argentino. Enquanto Milei explora novos mercados, como os da Índia e Japão, e intensifica suas exportações de lítio para os EUA, o desafio de restaurar ou manter uma relação comercial saudável com o Brasil permanece crucial para a economia argentina e para a viabilidade de projetos de integração regional a longo prazo. A continuidade da crise econômica e a instabilidade das políticas comerciais podem complicar ainda mais esse cenário, levando a um isolamento da Argentina na região.

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